Estado de Emergência. Marcelo teve hoje segunda ronda de reuniões com partidos. Saiba o que disseram
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve reunido esta quarta-feira por videoconferência com os partidos que faltava ouvir sobre a renovação do Estado de Emergência, que termina no próximo dia 14 de fevereiro. Assim, PCP, BE, PSD e PS foram hoje ouvidos. Conheça as reações:
PCP
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, disse esta quarta-feira que «o confinamento é exceção mas não pode ser a solução». O responsável sugere algumas medidas para mitigar o contágio, nomeadamente o alargamento da capacidade de rastreio e testagem e o reforço da rede de saúde pública, que «deve passar também pelo reconhecimento dos profissionais de saúde».
Jerónimo deixou ainda um alerta a Marcelo no sentido de que, face à situação económica e social que vivemos, sobretudo para as microempresas, os apoios podem chegar tarde demais. O dirigente salientou ainda a necessidade de reabertura de escolas e entidades culturais e desportivas. O PCP vai votar novamente contra “porque se está a criar uma ilusão de que este regime é uma solução para o problema e não é”.
BE
Catarina Martins é da opinião «que vai ser necessário manter durante mais tempo restrições», mas demonstra algumas «preocupações». «O confinamento será longo e o facto de o Governo ter decidido não executar 7 mil milhões de euros do OE é preocupante», alerta.
Também os apoios sociais são importantes, segundo Catarina Martins. «Estamos preocupados porque o Governo está a poupar à conta das vítimas da crise e prejudicando o combate à pandemia». Contudo, «este é um momento para corrigir.»
Sobre as escolas, a responsável refere que «não há condições para um desconfinamento e as escolas continuam no regime à distância», revela, sem querer anunciar o sentido de voto, antes de ler o decreto presidencial.
PSD
O líder do PSD, Rui Rio, corrobora a estratégia de estabelecer «linhas vermelhas» sobre o desconfinamento, tal como sugeriu o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, e apoia também uma «testagem massiva» da população, não de forma imediata, mas «tem estes 15 dias para se preparar, e começar assim que o pais esteja em condições de desconfinar».
Para além disso, segundo Rui Rio, «é indiscutível continuar o estado de emergência», mostrando a sua intenção de voto favorável à renovação, que será sujeita a discussão e aprovação amanhã no Parlamento.
Sobre a duração do confinamento, o social-democrata refere que, quando Portugal chegar a uma redução de casos diários e baixar o Rt, pode desconfinar, «mas não sei quanto tempo demora, isso deve ser definido por quem sabe», afirmou, explicitando que será «quando estiverem reunidas as condições» para tal.
PS
José Luís Carneiro adiantou que «o confinamento deve ser mantido pelo menos até meados de março, sendo depois objeto de avaliação para ver se é necessário prolongar até finais desse mês». Para o responsável, «é necessário que, a par deste confinamento, continue a haver pujança na resposta económica, com apoios às famílias e empresas».
«Queríamos sublinhar a importância de os Ministérios da Economia, Finanças e Trabalho manterem as medidas de apoio económico e social para proteger as famílias, empresas e emprego», reiterou o responsável, manifestando a intenção de que não sejam descuradas estas questões.
Recorde o que disseram os restantes partidos ontem
Chega
O líder do Chega, André Ventura, reuniu com o Presidente da República, dizendo que tentou transmitir este falhanço por parte do Executivo, e que «o Estado de Emergência deve incentivar o Governo a melhorar». Ventura mostrou-se ainda «contra o desconfinamento apressado», mas apela a que sejam dados alguns «sinais», nomeadamente com a reabertura de escolas e restaurantes.
O responsável acusou o Governo de andar “a correr atrás do prejuízo, sempre um passo atrás” no combate à epidemia de covid-19 e admitiu mesmo “rever o sentido de voto” sobre o próximo decreto presidencial de estado de emergência se o documento acautelar o desconfinamento progressivo e cuidadoso dos setores do ensino e do comércio de rua e hotelaria.
O deputado único do partido da extrema-direita parlamentar votou a favor da imposição inicial do estado de emergência, absteve-se depois num segundo, terceiro e quarto momentos e votou contra nas seguintes seis ocasiões.
Iniciativa Liberal
João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, defendeu o estabelecimento de algumas medidas neste novo estado de emergência, nomeadamente a planificação do regresso ao ensino presencial «de forma prudente», mas também a possibilidade de as pessoas «praticarem desportos individuais para que tenham mais qualidade de vida», pois «não faz sentido» que estes continuem suspensos.
«Era importante que estando nós contra o estado de emergência estas medidas pelo menos fossem regulamentadas. Cabe ao Governo fazer o que lhe compete que é ser eficaz no combate à pandemia», disse o responsável acrescentando: « É necessário ser rigoroso na avaliação das medidas».
Cotrim Figueiredo disse ter sentido na reunião com Marcelo Rebelo de Sousa “grande recetividade” para os alertas da Iniciativa Liberal, nomeadamente de que é preciso “uma estratégia alternativa” de combate à pandemia.
PEV
Mariana Silva, do Partido Ecologista Os Verdes (PEV), disse esta terça-feira que vai manter o sentido de voto na renovação do estado de emergência, porque «o desconfinamento é uma preocupação e deve ser feito de forma controlada».
«Depois de tantas declarações do Estado de Emergência podemos correr o risco de as pessoas não perceberem que é preciso continuar a manter algumas medidas», alertou no final da reunião com Marcelo. «Estes 15 dias podem ser essenciais para perceber até que ponto devemos ponderar o confinamento e fazer uma vida normal, dentro do que é desejável», disse a responsável.
PAN
O porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza, André Silva, afirmou que o PAN «acompanha» a renovação do Estado de Emergência. «É inquestionável e inevitável que as restrições não sejam uma realidade. Portanto, é necessário continuar com estas medidas», sublinhou. O deputado acrescentou que algumas restrições deveriam ser renovadas, no entanto, é uma «objeção» que aponta ao Governo e não ao Presidente da República.
André Silva apontou ainda que deve ser acelerado o fornecimento de vacinas contra a covid-19 em Portugal, um processo que deve ser «mais eficaz» do que tem sido até agora, considera. O deputado também destacou a necessidade da testagem massiva para «rastrear as cadeias de transmissão».
CDS
O CDS foi o último a ser ouvido pelo Presidente da República na terça-feira. O presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou que «era evidente continuar o confinamento, mantendo as restrições, não vacilando, nem enviando mensagens contraditórias para os portugueses».
O responsável apelou para uma melhor organização e distribuição das vacinas contra a covid-19 em Portugal, adiantando que está «preocupado com o atraso» no lançamento da campanha de imunização. Além disso, destacou a importância de «testar mais e rastrear melhor» para identificar atempadamente as redes de contágio.