Especialistas reagem à vacina da Moderna: «Vai ajudar-nos a regressar à normalidade em 2021»

A Moderna, empresa de biotecnologia americana, informou esta segunda-feira que a sua vacina foi 94,5% eficaz na prevenção da covid-19, com base em dados provisórios de um ensaio clínico em fase avançada. Vários especialistas e peritos de saúde pública já reagiram à notícia da Moderna, que consideram “excelente”.

Eleanor Riley, professora de imunologia e doenças infeciosas na Universidade de Edimburgo, na Escócia, considera que “os dados de segurança parecem promissores”. “Os efeitos secundários da vacinação parecem estar em linha com os normalmente observados para outras vacinas para adultos, incluindo a vacinação sazonal contra a gripe”, acrescentou, em declarações à agência Reuters.

A Moderna está a realizar um ensaio clínico, que conta com a participação de 30 mil pessoas, em colaboração com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, sendo que metade dos participantes recebeu a vacina e a outra metade placebo.

“Embora os números sejam pequenos, este ensaio também dá uma indicação de que a vacinação é eficaz em indivíduos mais velhos e previne doenças graves”, afirmou a especialista, que aponta, no entanto, que ainda não se sabe se a vacina “previne a transmissão da doença”.

“Mas, no geral, esta é uma excelente notícia. Ter mais do que uma fonte de uma vacina eficaz vai aumentar a oferta global e, com sorte, ajudar-nos a todos a regressar à normalidade em 2021”, sublinhou.

Também Trudie Lang, diretor da Rede Global de Saúde do departamento de Medicina Nuffield, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, considera que é uma “notícia muito boa”.

“Esta é uma análise provisória, o que significa que houve casos suficientes dentro dos voluntários vacinados para dar este significado estatístico”, disse à Reuters. “Estes primeiros resultados sugerem que havia uma representação em diferentes grupos etários e comunidades”, salientou.

Trudie Lang considera, assim, que o anúncio “é realmente encorajador e demonstra ainda mais que uma vacina contra a covid-19 é uma probabilidade real e que ter mais do que um fornecedor deveria ajudar a assegurar uma disponibilidade global melhor e mais equitativa”.

A Modera tornou-se a segunda empresa americana a comunicar resultados que excedem as expectativas de eficácia de uma vacina contra o novo coronavírus, depois da Pfizer.

Stephen Evans, professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, destaca a percentagem de eficácia da vacina, bastante acima dos 50% solicitados pela Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês) – a autoridade reguladora do medicamento norte-americana.

“A gama de efeitos secundários relatados não surpreende e é típica de quase todas as vacinas. Estas reações tendem a ser locais, isto é, onde a injeção foi administrada e raramente são duradouras ou severas”, disse. A Moderna relatou efeitos como dor no local da injeção (em 2,7% dos vacinados), fadiga (quase 10%), dor nas articulações (5%) e dor de cabeça (4,5%).

“Embora tenha relatado uma eficácia superior a 94%, existe uma incerteza estatística; mas com base nestes dados, a eficácia provável será superior a 85%, o que seria maior do que a maioria dos cientistas teria esperado”, justificou.

Por último, Peter Openshaw, professor de Medicina Experimental no Colégio Imperial de Londres, no Reino Unido, também considera que a notícia “é tremendamente excitante e aumenta consideravelmente o otimismo de que teremos boas vacinas nos próximos meses”.

A Moderna anunciou que a sua vacina pode ser mantida num congelador convencional (-20 graus) até seis meses e, uma vez descongelada, a vacina pode ser mantida até 30 dias num frigorífico padrão (entre 2 a 8 graus). “Isto faz com que a vacina seja muito mais fácil de entregar”, disse.

De acordo com o perito, “em termos de efeitos secundários, as notícias também são bastante boas”.

Vacina da Moderna para a covid-19 tem eficácia de 94,5%, diz empresa