Especialistas atualizam previsões. Número de óbitos diários pode ultrapassar os 200 na próxima semana
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes estima que o número de mortes por covid-19 vai rondar os 200 por volta do dia das eleições presidenciais, 24 de janeiro. O especialista da Faculdade de Ciências da Universidade Lisboa diz também que, nesta altura, o número de novos casos deverá rondar os 12.500 por dia.
Em declarações à SIC Notícias, o especialista explicou que o pico de óbitos em Portugal rondará as 220 mortes diárias, apesar de não conseguir prever ao certo em que momento é que isso vai acontecer. Relativamente ao número de casos, o perito considera que o país poderá vir a registar cerca de 17 mil infeções por dia.
“Isto foi feito com base numa estimativa de ontem [dia 17 de janeiro] a uma semana. Esta estimativa indica que teremos uma desaceleração semelhante à primeira vaga em março – estamos a assumir que vai haver a mesma desaceleração, caso não haja serão 15 ou 17 mil casos por dia daqui a uma semana”, explicou.
No que toca a admissões em enfermarias e a internamentos em unidades de cuidados intensivos (UCI), Manuel Carmo Gomes considera também que a tendência é crescente.
Segundo o epidemiologista, o grupo etário agora mais afetado, “com uma incidência mais elevada”, é o dos 18 aos 24 anos. “Tem aproximadamente 1550 casos por 100 mil habitantes acumulados a 14 dias”, detalhou.
Também um estudo do matemático Carlos Antunes alerta para o agravamento da situação nos adolescentes e confirma que os jovens dos 18 aos 24 anos são efetivamente a faixa etária com maior incidência de novos casos.
O grupo dos 13 aos 17 anos, que inclui o terceiro ciclo, tem também registado um aumento da taxa de incidência do vírus “na última semana”: “é o grupo que tem subido mais depressa”, informou Manuel Carmo Gomes. Tem cerca de 1500 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.
Neste sentido, para o epidemiologista, “todas as idades acima dos 12 anos deviam ser colocadas no ensino à distância, no mínimo, durante duas ou três semanas”, tal como defendeu na última reunião do Infarmed, em Lisboa.
Ainda assim, o especialista ressalvou que os números não dizem nada sobre o ambiente em que ocorrem os contágios, isto é, não há indicações de que as infeções ocorrem em contexto escolar.
O perito também se pronunciou sobre a nova variante do novo coronavírus identificada no Reino Unido, cuja transmissão é “50 a 60% superior à antiga”, considerando que “vai invadir Portugal tal e qual como invadiu” o país britânico. A estirpe vai, por isso, aumentar o número de casos de covid-19.
“Para já estamos a subir e vamos continuar a subir. A rapidez com que chegamos ao pico de infeções depende das medidas de confinamento adotadas”, explicou. “Podemos contar com várias semanas à nossa frente muito duras”, alertou, no entanto.
O epidemiologista falou ainda sobre o confinamento, nomeadamente, observado neste fim-de-semana, que não considerou “semelhante ao de março”, “o que pode fazer que com que o país não consiga controlar a pandemia tão rapidamente como desejável”.