Equilíbrio entre vida pessoal e profissional é a principal prioridade dos trabalhadores portugueses, revela estudo da Randstad

O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional tornou-se, pela primeira vez em 22 anos de realização do Workmonitor da Randstad, o fator mais importante para os trabalhadores portugueses na escolha de um emprego.

Segundo o estudo, 91% dos trabalhadores em Portugal priorizam a gestão equilibrada entre vida profissional e pessoal, superando pela primeira vez o salário, que surge em segundo lugar (90%). A tendência é ainda mais forte em comparação com a média global de 83%.

A pesquisa, conduzida pela Randstad Research, revela que os portugueses valorizam também a flexibilidade no emprego. 24% dos inquiridos afirmaram que abandonariam um trabalho caso este não oferecesse flexibilidade suficiente. Entre os fatores mais relevantes estão a flexibilidade no horário de trabalho, com 42% a considerar este um requisito essencial, e a possibilidade de trabalhar a partir de casa, importante para 36% dos trabalhadores.

Além disso, o sentimento de pertença à empresa é outro fator fundamental: 46% dos entrevistados afirmaram que deixariam um emprego onde não se sentissem parte da equipa. Para muitos, um bom ambiente social no trabalho é mais valorizado do que uma maior remuneração, com 25% a afirmarem que aceitariam um salário inferior caso tivessem bons amigos no local de trabalho, 29% preferem um trabalho que contribua para a sua vida social e 31% querem sentir que o seu trabalho tem um impacto positivo na sociedade.

O estudo aponta ainda que o desenvolvimento de competências tem um papel determinante na atração e retenção de talentos. A falta de oportunidades para crescer e aprender novas competências pode levar 41% dos trabalhadores a recusar uma proposta de emprego ou até a pedir a demissão, com 29% a referirem que deixariam o trabalho por falta de progressão na carreira.

A análise foi realizada com base em entrevistas a mais de 26.000 trabalhadores de 35 países, incluindo Portugal, entre 7 de outubro e 6 de novembro de 2024.

A nível global, o estudo revela tendências semelhantes. O sentimento de pertença continua a ser um fator crucial para o bem-estar e retenção de talentos, com 55% dos inquiridos a afirmarem que deixariam o emprego caso não se sentissem parte da empresa. A flexibilidade no horário e no local de trabalho também se destaca, com 47% a considerarem este fator essencial. As gerações mais jovens, como os Gen Z e Millennials, são especialmente sensíveis a esses aspetos, valorizando também o alinhamento de valores entre a empresa e os seus princípios pessoais, com 48% dos trabalhadores globalmente a rejeitarem empresas que não partilhem os seus valores sociais ou ambientais.

Além disso, a procura por formação e desenvolvimento de competências, especialmente na área da inteligência artificial (IA), surge como uma das principais prioridades para os trabalhadores, com 41% a afirmarem que deixariam um emprego que não oferecesse oportunidades de aprendizagem, sendo a IA a competência mais requisitada globalmente.

“O mercado laboral está, de facto, a mudar – isto não é novo, mas temos cada vez mais dados que nos mostram que a remuneração, apesar de ainda assumir um peso relevante, já não é um fator único a ser considerado na escolha de um emprego. Hoje, trabalhadores por todo o mundo, inclusive em Portugal, valorizam, em primeiro lugar, um emprego que lhes garanta equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, flexibilidade de horários e de local de trabalho, e ainda uma empresa da qual sintam fazer parte. Reter talento é, por isso, um desafio cada vez mais interessante e complexo para as empresas”, refere Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad.