Ensino Superior apela a Governo para que resolva atrasos nos vistos de alunos
A Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP) pediu a “intervenção urgente” do Governo na resolução da situação de dezenas de alunos estrangeiros impedidos de vir estudar para Portugal devido a atrasos nos pedidos de vistos.
A APESP diz, em comunicado enviado à agência Lusa, que o Consulado Português de Deli “tem pendentes dezenas de pedidos de visto de estudantes universitários que pretendem ingressar em instituições de ensino superior” para prosseguir os seus estudos de mestrado em áreas como fisioterapia, turismo, economia ou engenharia civil.
Uns aguardam meses por uma autorização, mas também há quem esteja há mais de um ano à espera por uma resposta dos serviços consulares nacionais, alerta a associação.
Em agosto, a APESP alertou o Ministério dos Negócios Estrangeiros para o problema, que desde então se agravou com mais casos de alunos. Agora decidiu enviar uma carta ao ministro Paulo Ragel.
Na missiva, pede uma “audiência urgente” e apela para que se proceda à regularização do funcionamento dos serviços consulares em Deli e para que se criem soluções transitórias que minimizem o impacto para os estudantes e instituições.
Os estudantes foram admitidos a cursos de mestrado, cumpriram os requisitos académicos e financeiros e pagaram “integralmente as propinas”, mas “ainda nem sequer conseguiram agendar uma entrevista para o pedido de visto”, garante a APESP.
A associação indica que há mais de 60 alunos a aguardar pelo visto, sendo que alguns deles “realizaram os seus pedidos de visto entre outubro e novembro de 2023”.
A situação foi noticiada hoje pelo jornal Público, que revela que este é um problema transversal a todas as instituições, quer sejam públicas ou privadas, e que afeta alunos de todo o mundo.
O estudo “A Adaptação dos Alunos dos PALOP no Primeiro Ano de Estudos do Ensino Superior em Portugal”, realizado pela NovaSBE e NOVAAFRICA, centro de Economia de Lisboa, concluiu que o atraso na obtenção dos vistos é um dos principais entraves e, para muitos, o único obstáculo ao aproveitamento académico no país.
O estudo, divulgado recentemente, descobriu que três em cada quatro alunos (76%) começa as aulas mais tarde por causa dos atrasos dos vistos, sendo que 93% dos alunos também apontou a demora do visto como um dos principais motivos de atraso da chegada a Portugal.
“Este bloqueio, que já ultrapassou quaisquer prazos razoáveis, não só contraria as expectativas legítimas dos estudantes e das suas famílias, mas também compromete a sustentabilidade das instituições de ensino superior e a reputação de Portugal enquanto destino educativo competitivo e confiável”, sublinha a APESP.