Ensaio Honda HR-V 1.6 i-DTEC: Nova ameaça na 'guerra' ao trono
A carroçaria do novo HR-V é fabricada com 27% de aço de elevada rigidez, registando ainda uniões reforçadas para melhores capacidades estruturais em termos dinâmicos e de segurança. Já as suspensões recorrem ao esquema tradicional de MacPherson à frente e barra de torção de formato em ‘H’ no eixo traseiro, destacando-se também o efeito que a Honda procurou obter ao baixar o centro de gravidade para reduzir o rolamento da carroçaria (sobretudo ao possuir ‘centro de rolamento’ dianteiro de menor altura). Na prática, essas mexidas beneficiam a condução. Embora conte com maior altura ao solo, o HR-V tem utilização aproximada à de uma berlina, evidenciando boa estabilidade em curva, com reações bastante previsíveis e bom trabalho das suspensões no compromisso entre dinâmica e conforto. O amortecimento pende para maior firmeza, é certo, mas consegue absorver bem as irregularidades do asfalto, mostrando refinamento e pisar competente. A direcção prima pela precisão. Motor tradicionalmente eficaz… Para o HR-V, a Honda não complicou muito o cenário. Existem duas motorizações da linha Earth Dreams Technology, uma baseada no eficiente e já conhecido 1.6 i-DTEC (120 cv) e outra assente no novo bloco 1.5 i-VTEC (130 cv). Ainda que este seja uma novidade de relevo, o grande ‘cavalo de batalha’ do HR-V será o motor diesel de 1597 cm3 de cilindrada. Presente já nas gamas Civic e CR-V, o motor 1.6 i-DTEC continua a ser um dos mais eficazes do mercado nesta franja de cilindrada, sobretudo em termos de rapidez e capacidade de resposta (com grande fôlego desde as 1400 rpm atè às 3500 rpm), regateando em simultâneo elevada poupança de combustível. Para este motor de 120 cv de potência e 300 Nm de binário, a marca anuncia consumo médio de 4,0 l/100 km e emissões de 104 g/km de CO2 (com caixa manual). Uma mais-valia desta bloco turbodiesel é mesmo o consumo, atingindo-se uma média de ensaio de 4,9 l/100 km, o que é muito interessante atendendo aos 120 cv e aos 1324 kg de peso total. Demonstrando tratar-se de um motor ‘redondo’ no que à entrega da potência diz respeito, as respostas são, de facto, muito agradáveis, fazendo sobressair o lado dinâmico, algo que acaba por ser valioso para uma condução despreocupada no quotidiano. Além disso, tem a importante ajuda da caixa manual de seis velocidades, cujo tato é bastante bom (um dos pontos fortes deste modelo), com curso curto e manuseamento simples e directo. Em termos oficiais, a aceleração dos 0 aos 100 km/h cumpre-se em 10,1 segundos. Equipamento generoso Outro capítulo pelo qual o Honda HR-V se evidencia é pelo equipamento proposto de série, oferecendo ar condicionado automático, cruise control, bancos dianteiros aquecidos, hill-holder, sensor de luz, Bluetooth, vidros eléctricos e o Sistema de Travagem Ativa em Cidade (CTBA), atuando em velocidades até 32 km/h (podendo inclusive travar autonomamente em caso de emergência). Nesta versão Elegance surge ainda o pacote de segurança ADAS, o qual acrescenta Avisador de Colisão à Frente (FCW), Reconhecimento de Sinalização de Trânsito (TSR), Limitador Inteligente da Velocidade (ISL), Avisador de Saída de Faixa (LDW) e Sistema de Suporte dos Máximos (HSS). O avançado sistema de infoentretenimento Honda Connect do HR-V oferece diversas possibilidades de conectividade, numa tecnologia que foi apresentada na Europa pela primeira vez no CR-V no início de 2015. Este sistema é equipamento de série nas versões intermédia e de topo do HR-V e opção na versão de entrada. O Honda Connect dispõe de funcionamento semelhante ao de um smartphone ou tablet Android, oferecendo fácil acesso a funções como navegação na Internet, informações em tempo real sobre trânsito, noticiários e estado do tempo, além das plataformas sociais e estações de música na Internet. O sistema GPS da Garmin tem atualizações gratuitas por cinco anos. A versão de base deste motor diesel, no nível Comfort, é de 26.000 euros, seguindo-se os 27.700 do nível Elegance aqui ensaiado, que conta com os sistemas ADAS e com o Honda Connect (o sistema de navegação obriga ao dispêndio de mais 800 euros). VEREDICTO O Honda HR-V chega ao mercado europeu com uma importante missão: ajudar a elevar as vendas da marca no Velho Continente, as quais não têm sido muito positivas nos dois últimos anos. Mas, fá-lo com as armas mais adequadas, marcando um forte impacto neste segmento, mesmo que tenha um posicionamento algo ‘intermédio’. Isto porque apresenta as dimensões exteriores de um Mazda CX-3, mas a versatilidade interior coloca-o num nível capaz de guerrear com o ‘alvo principal’, o Nissan Qashqai na feroz ‘guerra dos tronos’ que anima este segmento. Assim, com o HR-V, a Honda assegura uma opção tremendamente competente, robusta e sólida, ‘casando’ muito bem as vertentes da dinâmica e da poupança de consumos, tratando-se por isso de uma séria ameaça ao ‘reinado’ do Qashqai. FICHA TÉCNICA Honda HR-V 1.6 i-DTEC Elegance+NAVI
Motor | |
Tipo | 4 cilindros em linha, long., inj. common-rail, turbo |
Cilindrada | 1597 |
Diâmetro x curso (mm) | 76,0×88,0 |
Taxa compressão | 16,0:1 |
Potência máxima (cv/rpm) | 120/4000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 300/2000 |
Transmissão e direcção | |
Tracção | Dianteira |
Caixa | Manual de 6 velocidades |
Direcção | Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica |
Dimensões e pesos | |
Comp./largura/altura (mm) | 4294/1772/1605 |
Distância entre eixos (mm) | 2610 |
Largura de vias fte/tras. (mm) | 1535/1540 |
Travões fr/tr. | Discos ventilados/discos |
Peso (kg) | 1324 |
Capacidade da bagageira (l) | 453-1456 |
Depósito de combustível (l) | 50 |
Pneus série | 235/55 R17 |
Prestações e consumos | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 10,1 |
Velocidade máxima (km/h) | 192 |
Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) | 3,8/4,2/4,0 |
Emissões de CO2 (g/km) | 104 |
Preço (Euros) | 26.000 |
Preço sem campanha (Euros) | 28.500 |