Ensaio Honda CR-V 1.6 i-DTEC 160 CM6: Manual de virtudes
A Honda renovou por completo a sua gama de modelos ao longo de 2015, tendo iniciado essa mesma atualização no primeiro trimestre, então com o CR-V, o SUV de maiores dimensões da marca nipónica que, entretanto, recebeu a ‘companhia’ do mais pequeno HR-V. Então, além da estética renovada, sobretudo na frente, com a inclusão de nova grelha, faróis e para-choques, o CR-V destacou-se por apresentar o novo motor 1.6 i-DTEC de 160 cv, também da família Earth Dreams Technology e que tem por base a variante de 120 cv, mas com importante alterações, como a aplicação de um segundo turbo. Então, testado com a igualmente nova caixa automática de nove velocidades, comprovou-se que este motor, que substitui o anterior (e pesado…) 2.2 i-DTEC, se assume como uma aposta acertada para a marca japonesa, que ganha assim novos e importantes atributos no mercado europeu. Mas a outra opção para este modelo passa pela caixa manual de seis velocidades, razão mais do que suficiente para ensaiar este CR-V de 160 cv e tração integral. Trabalhado para respeitar a norma Euro 6, este motor diesel de 160 cv beneficia de dois turbos, um mais pequeno de geometria variável para baixos regimes e, outro, maior, que funciona a relações mais elevadas para manter o ritmo mais elevado. O seu desempenho em conjunto revela-se bastante suave, denotando dessa forma um bom trabalho na conceção deste motor. Não é descabido sublinhar que este bloco em alumínio estreado no CR-V tem como premissas fundamentais a eficácia e as prestações, acabando por ser um precioso aliado na tarefa de movimentar este modelo de grandes dimensões. Em comparação com o motor 1.6 de 120 cv, este sobressai essencialmente pelo maior fulgor nas acelerações, provando ser um motor ‘redondo’, uma vez que a potência é entregue desde uma faixa de rotações muito baixa, ganhando velocidade de forma lesta e veemente até a uma fasquia em redor das 3800-4000 rpm, patamar a partir do qual perde ‘ânimo’. O binário de 350 Nm pode ser assim totalmente aproveitado em condução normal, sem exigir recurso frequente à caixa manual de seis relações, ainda que esta, pelo seu escalonamento curto e manuseamento muito acertado, contribua para uma condução despachada em qualquer tipo de utilização. Em utilização comedida, os consumos situam-se na casa dos seis litros (média do ensaio de 6,2 l/100 km), o que está longe de ser um mau registo, sobretudo atendendo ao facto de se tratar de um motor com 160 cv de potência e que o peso total supera os 1600 kg. Alcançar, por isso, os 5,1 l/100 km de média anunciada parece complicado. Equilíbrio dinâmico Da parte do chassis, há que mencionar os novos casquilhos da suspensão, nova geometria dos braços dos amortecedores, amortecedores renovados no eixo dianteiro e vias mais largas em 15 mm à frente e atrás. Graças a isso, o comportamento melhorou ligeiramente relativamente ao modelo de 2013. Em curva, este modelo da Honda exibe um natural balancear da carroçaria, mas não desaponta em termos de agilidade, graças a suspensões que fazem um bom trabalho no compromisso entre conforto e dinâmica, permitindo ritmos mais fortes sem preocupações de maior. Ou seja, prefere toadas calmas, mas não se nega a uma tirada mais veloz por estradas de montanha, beneficiando sobremaneira de direção mais precisa. Nota bastante positiva para a forma como lida com o asfalto mais irregular e, em particular, para os pisos mais degradados, mostrando elevada suavidade de rolamento. A tração integral permite solucionar casos mais difíceis em termos de motricidade, mas o CR-V não é, por defeito, um modelo pensado para o todo-o-terreno ‘puro e duro’. A falta de modos dedicados comprova-o. No interior, os cinco ocupantes não terão problemas de espaço, sendo de enaltecer a amplitude oferecida nos lugares posteriores, tanto em altura, como em comprimento para as pernas e em largura. Nesses lugares, o passageiro do lugar central tem ainda a vantagem de contar com um piso plano, não afetando assim a habitabilidade. A bagageira continua a ser uma das suas ‘armas’, oferecendo um total de 589 litros, embora expansíveis para 1669 litros com o rebatimento dos bancos traseiros. Além disso, é de referir igualmente o bom trabalho efetuado ao nível do isolamento acústico e das vibrações, praticamente impercetíveis no habitáculo. De resto, no habitáculo, pouco mudou em relação à versão lançada em 2013, destacando-se, contudo, o sistema multimédia Honda Connect, que tem por base o sistema operativo Android e que permite integração com os smartphones, navegação na Internet e instalação de aplicações, tanto da Honda, como da loja da Google. Um pouco à imagem do funcionamento de um smartphone ou tablet comum. Os materiais escolhidos são de bom nível, embora os plásticos na parte superior do tablier destoem da sensação geral de qualidade que perpassa para os ocupantes. Nota ainda para o elevado nível de equipamento proposto neste modelo com o nível Lifestyle, que inclui o já referido sistema Honda Connect, além de sensores de luz e de chuva, sensores de estacionamento à frente e atrás e câmara de estacionamento traseira. VEREDICTO Competente nas missões a que se propõe, o CR-V com este motor 1.6 i-DTEC de 160 cv assume-se como uma das melhores propostas no que ao equilíbrio do binómio prestações/economia diz respeito entre as marcas generalistas do segmento. Estável e seguro em curva, refinado em mau piso e eficiente em utilização quotidiana, este Honda CR-V afigura-se como uma melhor opção com esta caixa manual de seis velocidades em lugar da caixa automática de nove relações por duas razões. A primeira tem a ver com o preço mais elevado da versão com caixa automática, num diferencial que ronda os três mil euros entre as respetivas versões de acesso, ao passo que a segunda prende-se com o prazer de condução, que parece reforçado nesta versão com caixa manual. FICHA TÉCNICA Honda CR-V 1.6 I-DTEC 160 cv CM6 Lifestyle NAVI
Motor | |
Tipo | 4 cilindros em linha, long., inj. directa common-rail, turbo |
Cilindrada | 1597 |
Diâmetro x curso (mm) | 77,0,0×88,0 |
Taxa compressão | 16,0:1 |
Potência máxima (cv/rpm) | 160/4000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 350/2000 |
Transmissão e direcção | |
Tracção | Dianteira |
Caixa | Manual de 6 velocidades |
Direcção | Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica |
Dimensões e pesos | |
Comp./largura/altura (mm) | 4605/1820/1685 |
Distância entre eixos (mm) | 2630 |
Largura de vias fte/tras. (mm) | 1585/1590 |
Travões fr/tr. | Discos ventilados/discos |
Peso (kg) | 1809 |
Capacidade da bagageira (l) | 598-1669 |
Depósito de combustível (l) | 58 |
Pneus série | 225/60 R18 |
Prestações e consumos | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 9,8 |
Velocidade máxima (km/h) | 202 |
Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) | 4,7/5,5/5,1 |
Emissões de CO2 (g/km) | 133 |
Preço (Euros) | 38.259 |
Preço da unidade ensaiada (Euros) | 41.850 |