Empresas lucram muitos milhões com pesticidas «altamente perigosos»

As maiores empresas de pesticidas do mundo facturam muitos milhões de dólares por ano, através de produtos químicos que representam riscos elevados para a saúde humana e para o meio ambiente, de acordo com uma análise feita pela ‘Unearthed’ e pelo ‘Public Eye’.

A pesquisa revelou também que a percentagem de químicos altamente perigosos (HHPs) vendidos pelas empresas, é superior nos países economicamente menos favorecidos, em comparação com os mais abastados. Na Índia, por exemplo, foram vendidos 59% de HHPs, em contraste com apenas 11% vendidos no Reino Unido, segundo a análise.

Nos países mais ricos, a percentagem média de vendas de HHPs foi de 27%, em comparação com os 45% registados nos países com médios e baixos rendimentos, chegando mesmo a atingir os 65% na África do Sul, segundo a análise.

O mercado de pesticidas é dominado por cinco empresas: Bayer, BASF, Syngenta, FMC e Corteva (anteriormente Dow e DuPont), que venderam 4,8 mil milhões de dólares em produtos com químicos perigosos, em 2018, representando mais de 36% de toda a sua receita, de acordo com a análise. A Bayer referiu que a análise era «enganadora», contudo recusou-se a fornecer os seus próprios dados.

A análise calculou que quase um quarto das vendas das cinco grandes empresas eram de produtos que continham pesticidas, com efeitos na saúde humana, incluindo carcinógenos. 10% correspondiam a pesticidas tóxicos para as abelhas e os outros 4% eram de produtos químicos extremamente tóxicos para os seres humanos, segundo a análise.

Um estudo global sobre a gestão de pesticidas em 2018, a cargo da Organização Mundial de Saúde e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), verificou a existência de «várias deficiências críticas», sendo necessário os países fortalecerem e aplicarem devidamente as suas regras, com o objectivo de «minimizar seus efeitos nocivos aos seres humanos e ao meio ambiente».

Baskut Tuncak, relator da ONU sobre substâncias perigosas e direitos humanos, disse: «O uso contínuo desses produtos (HHPs) é insustentável e está a causar uma infinidade de violações dos direitos humanos em, todo o mundo», declarou citado pelo ‘The Guardian’.