Empresa que oferece criptomoedas em troca de dados já não quer a sua íris. Agora, quer o seu passaporte

A World, anteriormente conhecida como Worldcoin, revelou uma série de atualizações destinadas a reforçar a proteção da privacidade, combater deepfakes e fraudes online, e escalar a verificação de humanidade a nível global. As novidades foram apresentadas pelos co-fundadores Alex Blania e Sam Altman durante o primeiro evento global exclusivo da empresa.

Embora a opção de ler a íris ainda esteja disponível, a empresa agora prioriza a verificação de identidade através de passaportes equipados com chip NFC, que contêm informações digitais, incluindo fotografias e impressões digitais.

Este novo sistema, denominado “World ID Credentials”, já está disponível em países como os EUA, Malásia e Reino Unido, mas ainda não está confirmado em Portugal.

A World aspira a criar um sistema de identificação universal que distinga humanos de bots e inteligências artificiais, com o objetivo de erradicar a possibilidade de fraudes online através de ferramentas de deepfake. Para tal, a empresa apresentou um novo scanner de íris, que promete ser mais rápido e facilitar a sua expansão a novos mercados, incluindo a América Latina.

Recorde-se que , no passado dia 26 de março a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) decidiu suspender, por 90 dias, a recolha de dados realizada pela Worldcoin Foundation, para salvaguardar o direito à proteção de dados pessoais.

A proibição de recolher dados biométricos da íris em Portugal já terminou e a empresa que os recolhia, a Worldcoin (agora World), quer retomar a atividade num futuro próximo, mas referiu então que tinha decidido aguardar por aval da Comissão Nacional de Proteção de Dados.

A recolha de imagens digitais da íris em troca de uma compensação em criptomoedas (uma moeda virtual usada na internet) começou há meses em vários países, mas atualmente na União Europeia, o único mercado onde se mantém a recolha de dados da íris é na Alemanha, país onde a Tools for Humanity (TfH) tem um escritório local.

Após o lançamento global em julho de 2023, a autoridade de proteção de dados pessoais no estado alemão da Baviera (BayLDA), a autoridade líder competente responsável pela supervisão da conformidade com Worldcoin, abriu uma investigação cujos resultados ainda não foram publicados.

Em Portugal, a CNPD, seguindo a decisão da congénere espanhola, deliberou em 25 de março suspender por 90 dias a recolha de dados da íris, prazo já terminado, justificando esta decisão com denúncias sobre as condições de recolha dos dados, incluindo de menores, deficiências na informação prestada aos titulares e impossibilidade de apagar os dados ou revogar o consentimento.

A adoção da medida provisória urgente surge na sequência de “largas dezenas de participações” recebidas na CNPD, dando conta da recolha de dados de menores de idade sem a autorização dos pais ou outros representantes legais, bem como de deficiências na informação prestada aos titulares, na impossibilidade de apagar os dados ou revogar o consentimento.

 

 

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