Drones portugueses já ajudaram a destruir mil milhões de euros de equipamentos russos na Ucrânia

A revolução nos céus da Ucrânia tem dedo português, mais particularmente da empresa Tekever, que em pouco mais de um ano de guerra já ajudaram a destruir mais de mil milhões de euros em equipamento militar russo: a operar desde o primeiro ano do conflito, tornaram-se “os olhos” de muitas unidades ucranianas no campo de batalha.

Segundo a ‘CNN Portugal’, o exemplo perfeito é a 15ª Brigada de Reconhecimento de Artilharia, também conhecida como “Floresta Negra”, que tem usado o drone AR3 para travar os avanços russos: os militares ucranianos lançam o drone da Tekever através de um sistema de catapulta – é capaz de voar 16 horas seguidas e permite detetar e identificar alvos militares russos de alto valor, como centros de comando, sistemas de defesa antiaérea ou radares.

Os drones portugueses, fornecidos pelo Reino Unido a Kiev, têm realizado operações de sucesso nos céus da Ucrânia, tornando-se uma peça essencial nas operações ucranianas. Isto graças ao avançado software da Tekever, apoiado por Inteligência Artificial: os drones nacionais são capazes de operar sem precisar de sinal de GPS ou comunicações, evitando assim os milhares de sistemas de guerra eletrónica das contramedidas da Rússia.

Recentemente, a brigada “Floresta Negra” utilizou um AR3 para identificar um radar Nebo-M, capaz de identificar alvos num raio de 3.800 quilómetros. Estima-se que a Rússia tenha apenas dez unidades destes sistemas, que têm um custo avaliado em 100 milhões de euros. Em menos de uma hora, o drone português encontrou e identificou à distância o Nebo-M e a equipa pediu imediatamente a autorização para um ataque com mísseis ATACMS, que devastou por completo o radar.

Uma das mais-valias da Tekever é o foco na criação de software, que a torna capaz de criar soluções a uma velocidade muito rápida para responder a problemas concretos no campo de batalha: por vezes numa questão de horas. “Se tens um ambiente que está em constante mudança, tu precisas de um produto que se adapte com muita velocidade. Tipicamente, os produtos militares evoluem de uma forma relativamente lenta. A mudança geralmente acontece em anos. Nós, no mundo civil e do software, pensamos na mudança em termos de semanas. Basicamente trouxemos esse nível de agilidade para este cenário”, explicou Ricardo Mendes, CEO da Tekever, num podcast.

Foi assim que a empresa fundada por três antigos alunos do Instituto Superior Técnico aplicou um modelo de “desenvolvimento vertical”: é responsável por quase todos os elementos dos seus produtos – desde o software até aos chips dos sensores, passando pelo design e a fuselagem das aeronaves. Tudo é desenvolvido com o objetivo de serem “os mais ágeis do mercado”.

Depois do AR3, a Tekever tem também em operação o AR5, com maior capacidade. Este ano, a empresa nacional desvendou o ARX, um sistema capaz de destacar e coordenar enxames de drones. Este veículo só estará disponível em 2025 – promete “reforçar significativamente as capacidades de vigilância e de salvamento de vidas humanas, quer em organizações civis, quer em militares”, com mais autonomia, maior velocidade, capacidade de transportar mais tecnologia e “captar mais informação”.

De acordo com a empresa, o ARX será o “Santo Graal da vigilância”, capaz de combinar velocidade, capacidade de transporte de um grande número de sensores e grande adaptabilidade.