Dia Mundial do Não Fumador: É possível contrair coronavírus através do fumo passivo?

O Dia Mundial do Não Fumador é assinalado esta terça-feira, dia 17 de novembro. Este ano, a data ganha uma nova importância devido à pandemia: “fumar pode aumentar o risco de contrair a covid-19″, um aviso da Direção-Geral da Saúde (DGS). No entanto, os fatores de risco associados ao tabagismo também se estendem aos não fumadores, ou aos fumadores passivos.

A principal forma de propagação do novo coronavírus, segundo especialistas de saúde pública, é através do contacto próximo com pessoas infetadas. Ao estarmos próximos de alguém que tem covid-19 somos expostos às gotículas respiratórias emitidas quando essa pessoa tosse, espirra ou fala. Mas e se estivermos suficientemente perto para cheirarmos o fumo passivo de alguém, ou passarmos por uma nuvem de fumo? Será que isso nos expõe ao coronavírus, caso o fumador esteja infetado?

Há poucas evidências científicas que sugerem que o fumo em si possa ‘transportar’ o vírus, mas investigadores e médicos dizem que o simples facto de poder cheirar o cigarro ou fumo de alguém é um sinal de aviso de que se está a respirar ar que estava nos pulmões de outra pessoa.

William Ristenpart, professor de engenharia química na Universidade da Califórnia, nos Estados, que investiga a forma como os agentes patogénicos são transportados, considera que é pouco provável que as próprias partículas de fumo transportem um vírus que possa infetar outros. Por dois motivos: o calor do cigarro provavelmente mataria o vírus e “uma grande fração das partículas de fumo vai logo para os pulmões”, disse o investigador, em declarações ao The Washington Post.

Ainda assim, há razões para estarmos preocupados com a transmissão da covid-19 se sentirmos o cheiro do fumo de alguém – as partículas respiratórias que o acompanham. “Se sentir o cheiro do fumo do cigarro exalado de outra pessoa, então está a inalar o ar que estava nos pulmões dessa pessoa”, disse Ristenpart. “Isto significa que também se pode estar a inalar as suas partículas respiratórias carregadas de vírus, que são compostas de mucosa respiratória”, acrescentou.

Além disso, há outros riscos associados. Os fumadores precisam de remover as  máscaras para fumarem, e estar perto de pessoas que não estão a usar máscara é inerentemente um risco e aumenta a probabilidade de contrair o vírus. Além disso, os fumadores tendem a exalar com mais força, segundo Herman Gatzambide, um especialista pulmonar em Orlando, nos EUA.

Alguém que não fuma pode projetar partículas respiratórias até dois metros, aproximadamente, mas para alguém que está a fumar esta distância pode aumentar para três a quatro metros, o que constitui mais um risco.

“Não só estão potencialmente a espalhar o vírus por não usarem uma máscara, como estão a ‘soprar’ essas gotículas para as pessoas à sua volta para potencialmente as infetarem”, disse Albert Rizzo, médico-chefe da Associação Americana do Pulmão, em declarações à Associated Press.

Neste sentido, cheirar o fumo do cigarro de alguém deve ser considerado um ‘aviso’: “Posso estar a respirar o vírus dessa pessoa”, alertou o especialista.

Os próprios fumadores estão também em maior risco de doenças graves da covid-19, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças. Fumar aumenta o risco de doença porque prejudica a função pulmonar e torna mais difícil o organismo responder a infeções respiratórias.

Estudos recentes mostraram que jovens adultos fumadores, mesmo que não tenham outras condições de saúde subjacentes, são mais suscetíveis a sintomas graves, internamentos em unidades de cuidados intensivos e até à morte.