Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo: Os 86 anos da ‘Noite de Cristal’ servem de alerta para o presente
Este sábado, 9 de novembro, assinalam-se os 86 anos da Noite de Cristal, um dos episódios mais sombrios do século XX. Este dia, conhecido internacionalmente como o Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo, relembra os eventos trágicos da noite de 9 para 10 de novembro de 1938, quando, na Alemanha e Áustria, ocorreu um violento ataque coordenado contra a comunidade judaica. Sinagogas foram queimadas, lojas e propriedades judaicas destruídas, e mais de 30 mil judeus foram detidos e enviados para campos de concentração.
A Noite de Cristal é lembrada não apenas pela brutalidade, mas também por ser o ponto de partida de uma escalada de perseguições que culminaram no Holocausto, o genocídio em massa que exterminou cerca de seis milhões de judeus. Em 1938, a morte de Ernst von Rath, um diplomata alemão em Paris, serviu de pretexto para uma campanha de violência de dimensões assustadoras. Herschel Grynspan, um jovem judeu polaco, assassina o diplomata, protestando contra a perseguição à sua comunidade, e desencadeia uma reação da liderança nazi, com a orquestração de ataques a cidadãos e propriedades judaicas.
A partir do final da década de 1930, com as Leis de Nuremberg já implementadas, os nazis consolidaram um sistema legislativo de opressão racial que justificava a discriminação sistemática contra os judeus e promovia a sua exclusão da vida pública. As ruas cobertas de vidro quebrado na Noite de Cristal, batizada pelos próprios alemães como “Kristallnacht”, foram um marco de opressão. Foi o início de um processo sistemático de desumanização da população judaica que culminaria com a criação da “Solução Final”, uma operação de extermínio em massa.
O Dia Internacional Contra o Fascismo e o Antissemitismo foi instituído pelo Parlamento Europeu como uma ocasião para refletir sobre as lições da história e reforçar a luta contra o racismo, xenofobia e discurso de ódio. Nos tempos modernos, o ressurgimento de ideias fascistas e antissemitas, infelizmente, reitera a relevância da memória histórica. Observa-se, em várias partes do mundo, o crescimento de ideologias extremistas que incentivam a segregação e o ódio. A celebração do dia visa alertar para os perigos do ressurgimento destas ideias e para a importância de manter vivas as lições da história, para que episódios semelhantes ao Holocausto não voltem a acontecer.
Em 2021, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou a importância deste dia ao apelar à construção de “pontes” em vez de “trincheiras”, e destacou o exemplo de Aristides de Sousa Mendes, o diplomata português que, durante a Segunda Guerra Mundial, desafiou ordens e emitiu vistos que salvaram milhares de judeus. Segundo Marcelo, o diálogo e a conciliação são os caminhos para uma sociedade mais inclusiva e humana, honrando a memória de eventos passados para construir um futuro mais justo e tolerante.
Os recentes ataques antissemitas que têm surgido um pouco por toda a Europa, em particular devido à tensão no Médio Oriente, mostram como é essencial reforçar o combate ao ódio e ao extremismo. As campanhas de ódio e a exaltação de discursos violentos e divisionistas têm uma relevância perigosa, que este dia pretende mitigar. A memória da Noite de Cristal e do Holocausto deve servir como um lembrete permanente da importância da liberdade, dignidade e respeito pela diversidade, para evitar a repetição de um dos períodos mais trágicos da história humana.
Ao honrar esta data, sociedades em todo o mundo reiteram um compromisso de jamais ignorar os sinais de intolerância e discriminação, cultivando em vez disso uma cultura de respeito, memória e justiça.