Depois de apagar nome do CEO Osamu Nagayama da sua história, império Toshiba divide-se em três
A Toshiba cedeu à pressão dos investidores. O império japonês vai dividir-se em três em empresas, de forma a prevenir mais casos de má gestão, como os que foram divulgados nos últimos meses.
“Ao longo de uma história de mais de 140 anos, a Toshiba evoluiu constantemente para ficar à frente do seu tempo”, disse o diretor-executivo Satoshi Tsunakawa.
“O anúncio de hoje não é diferente. Para melhorar a nossa competitividade iremos dividir o grupo em três empresas, de forma a que cada entidade goze da maior flexibilidade que precisa para enfrentar novas oportunidades e desafios de mercado”, acrescentou o CEO.
A empresa com sede em Tóquio disse que vai separar as operações principais, posicionando assim duas novas empresas de capital aberto, uma para serviços de infraestrutura e outra para ‘hardware’.
O remanescente do império ficará sediado na Kioxia Holdings e na Toshiba Tec Corp. O objetivo é concluir os spinoffs até o segundo semestre do ano fiscal de 2023.
A empresa também planei ainda distribuir 100 mil milhões de ienes, cerca de 800 milhões de euros, à taxa de câmbio de hoje) em dividendos para os acionistas.
Há uma semana, um porta-voz da Toshiba já tinha anunciado que a empresa estava a considerar a possibilidade de se dividir em três partes.
A estratégia poderá diminuir a pressão da parte de acionistas ativistas, que agora constituem uma grande parte da base de investidores da empresa japonesa.
“A mudança é uma opção estratégica que está a ser considerada”, disse ainda a empresa num comunicado.
A Toshiba está num processo de elaboração de um novo plano de médio prazo para aumentar o valor corporativo, tendo o ‘Nikkei’ já avançado que a empresa pretendia dividir-se até 2023.
Um cenário negro a evitar
Em junho, o conselho da Toshiba nomeou o CEO Satoshi Tsunakawa como presidente interino da empresa, depois de expulsar Osamu Nagayama da função.
Num comunicado publicado, a empresa reconheceu “ a seriedade desta expulsão”.
A gigante japonesa começa agora o processo de recrutamento, para selecionar o sucessor de Tsunakawa.
A assembleia geral de acionistas votou pela saída do CEO da Toshiba, Osamu Nagayama, revelou uma fonte presente na reunião, em declarações à Reuters.
De acordo com a mesma fonte, esta assembleia contou com um maior número de acionistas estrangeiros do que em reuniões anteriores, dado que consideraram o encontro não só “de extrema importância para a vitalidade da empresa, como para a reputação do Japão”.
Nagayama estava sob pressão para renunciar depois de uma investigação independente realizada este mês ter descoberto que a Toshiba em conluio com o Ministério do Comércio do Japão tentaram impedir que acionistas estrangeiros ganhassem influência no conselho, durante a assembleia geral anual do ano passado.
Esta semana, o CEO da Toshiba lançou um inquérito interno sobre os “eventos inaceitáveis” que assolaram a empresa. Numa carta aberta enviada aos acionistas, lamentou a “erosão na confiança da empresa”, depois do duelo entre administração e investidores.
“Para além da investigação em curso, a Toshiba vai ordenar o recrutamento de novos membros para o órgão executivo, acelerando o processo de seleção para a nomeação do futuro substituto de Satoshi Tsunakawa”, presidente-executivo interino da empresa, esclarece a missiva.
Em junho, uma série de acionistas alegaram que havia um conluio entre a empresa japonesa e o Governo de Tóquio para prejudicar determinados detentores de participações sociais.
Num comunicado enviado às principais redações do mundo, o fundo Effissimo de Singapura, o maior acionista da Toshiba, com uma participação de 9,9%, classificou o conselho de administração “como ineficiente” e pediu a saída de Nagayama.