De milhares a apenas 21 em todo o mundo: Sapos galinha-da-montanha desapareceram na “extinção mais rápida alguma vez registada”

Há apenas 20 anos, havia tantos sapos da espécie galinha das montanhas (Leptodactylus fallax) na ilha de Dominica que constituíam o prato nacional. Todos os anos, eram comidos aos milhares, grelhados com alho e pimenta, por locais e turistas. Mas, agora, aquela que é uma das maiores espécies de sapos do mundo, e que só existe nesta ilha, está reduzida a apenas 21 exemplares, segundo o mais recente estudo sobre esta população animal.

A redução rápida de exemplares deste sapo está a deixar os cientistas impressionados, já que segundo especialistas ouvidos pelo The Guardian, poderemos estar perante “o evento de extinção mais rápido alguma vez registado”.

Esta é uma espécie que enfrenta risco de extinção iminente, mas as populações estavam saudáveis e a crescer apenas há duas décadas. Este destino mostra-nos uma clara mensagem sobre os perigos que enfrentam as espécies animais na Terra hoje”, lamenta Andrew Cunningham, responsável de epidemiologia animal da Sociedade Zoológica de Londres.

As causas do desaparecimento deste animal não são apenas ação direta humana: primeiro foi um fungo que, na ilha de Dominica, em 2022, no espaço de 18 meses dizimou 80% da população de sapos galinha-da-montanha. “È uma quebra brutal, e os números continuaram a cair até a população ser indetetável em meio selvagem na Dominica”.

Tentou-se proteger a população existente na ilha próxima de Montserrat, com medidas de quarentena, mas os esforços acabaram por falhar. As autoridades conseguiram resgatar alguns exemplares ainda não infetados pelo fungo, que hoje permanecem em cativeiro, em vários zoos e programas de conservação em vários pontos do mundo

A população vinha a recuperar na ilha de Dominica, mas em 2017 o furacão Maria, que atingiu a ilha voltou a reduzir a população destes sapos para apenas algumas dezenas.

Atualmente, existem duas populações destes sapos na Dominica, mas em terra que não oferece proteção oficial à espécie. Para além disso as alterações climáticas estão a causar seca nas ilhas, pondo em risco os esforços para tentar salvar a espécie.

“Temos ainda alguns anos para tentar fazer alguma coisa, antes de o sapo galinha-das-montanhas ficar extinto na natureza. É uma situação muito complicada”, sumariza Cunningham.