Da saúde à educação: Com o fim de ano terminam hoje várias greves no setor público
A reta final de 2024 está a ser marcada por uma vaga de greves em diversos setores, com particular incidência na aviação, serviços públicos e saúde. Apesar de muitas destas paralisações se prolongarem até ao próximo ano, algumas terminam hoje, último dia de dezembro, sinalizando o encerramento de um período de elevada contestação laboral no país.
Setor público e saúde com greves prolongadas e conclusivas
Entre as paralisações que chegam ao fim, destaca-se a greve ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários, convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM). Esta greve, que começou a 23 de julho, foi uma resposta à ausência de negociações com o Ministério da Saúde sobre reivindicações centrais, como a reposição da carga horária semanal de 35 horas, a atualização da grelha salarial e o aumento de dias de férias. Médicos de várias regiões do Sistema Nacional de Saúde, incluindo Açores e Madeira, foram abrangidos pela paralisação.
Também na saúde, a greve ao trabalho extraordinário nos centros de saúde, iniciada a 16 de setembro, termina hoje. Estas greves sublinham as tensões no setor, onde profissionais reclamam melhores condições de trabalho e salários mais justos.
Na esfera da justiça, os técnicos da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais encerram a greve às horas extraordinárias que decorreu desde 10 de agosto. Convocada pelo SinDGRSP, a paralisação exigia a criação de uma carreira especial única para técnicos superiores e profissionais de reinserção social e técnicos superiores de reeducação, atualmente integrados no regime comum da Administração Pública.
Ainda no setor prisional, os guardas do estabelecimento anexo à Polícia Judiciária (PJ) de Lisboa concluem hoje uma greve iniciada a 23 de outubro. Esta paralisação visava reivindicar melhores condições de trabalho e segurança para o corpo da guarda prisional.
Outro destaque é o fim da greve aos trabalhos extraordinários na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) liderou a paralisação, que começou em 22 de agosto, exigindo reforço de recursos humanos e a regularização contratual dos mediadores socioculturais.
Impacto na aviação e distribuição
No setor da aviação, os serviços de handling têm registado greves significativas. A empresa Menzies iniciou uma paralisação de cinco dias no último domingo, enquanto os trabalhadores da Portway têm pré-avisos de greve que abrangem os dias 24 e 31 de dezembro. Estas paralisações têm gerado atrasos e constrangimentos nos aeroportos nacionais, afetando milhares de passageiros.
Os trabalhadores da grande distribuição, incluindo os das empresas de trabalho temporário, também têm pré-avisos de greve para hoje, afetando centros de contacto e lojas de telecomunicações. Esta paralisação prolonga-se até 5 de janeiro, aumentando a pressão sobre o setor durante uma das épocas mais movimentadas do ano.
Lisboa com greve de higiene urbana
Em Lisboa, a recolha de lixo tem sido afetada pela greve dos trabalhadores de higiene urbana da Câmara Municipal. Após uma paralisação a 26 e 27 de dezembro, os funcionários estão também a realizar uma greve ao trabalho extraordinário entre 25 e 31 de dezembro, com serviços mínimos decretados.
Contestação laboral em 2024
Com o encerramento de várias greves hoje, permanece evidente que muitas das reivindicações de trabalhadores continuam sem resposta, aumentando a probabilidade de novas ações no próximo ano. Portugal encerra 2024 com um panorama laboral turbulento, que abrange setores essenciais e sublinha a necessidade de diálogo entre sindicatos e entidades empregadoras para evitar o prolongamento destas tensões em 2025.