Crimes de ofensas corporais, injúrias, ameaças e furtos: violência nas escolas está a aumentar

As escolas são cada vez menos um lugar seguro: de acordo com dados da PSP, revelados pelo ‘Jornal de Notícias’, no primeiro semestre de 2023 houve 2.617 ocorrências nos estabelecimentos de ensino: 736 não criminais e 1.881 criminais, um número superior ao registado em período homólogo de 2019 (2.530), antes da pandemia da Covid-19. Ao todo, a PSP registou, através do programa Escola Segura, mais de 10.500 ocorrências somente nos primeiros seis meses de cada ano, sendo que quase 66% foram de natureza criminal.

Entre os crimes mais reportados estão as ofensas corporais (855 ocorrências), seguido pelas injúrias e ameaças (571) e furtos (252), um aumento de 20% face a 2019 no que diz respeito às ofensas corporais e 21% nas injúrias e ameaças.

“Os jovens estão constantemente a ser confrontados com casos de violência que entram nas suas casas e nas suas vidas, seja através das redes sociais ou da televisão, até pelas situações de guerra que vivemos. Estes jovens têm vivido e crescido numa sociedade em que o acesso à violência é frequente e visível”, disse, ao jornal diário, Maria João Cosme, psicóloga clínica do Instituto de Apoio à Criança.

Para a psicóloga, em muitas casas há um “modelo educativo autoritário, rígido, onde muitas vezes a violência física e verbal é utilizada”, que depois é repetido nas escolas. Por outro lado, a pandemia “penalizou o desenvolvimento saudável dos adolescentes, não só pelo tempo que não estiveram com amigos na rua e fora de casa, mas também por tudo aquilo que podem ter absorvido através das redes sociais”.

O papel das escolas, sublinhou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional dos Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, é “mostrar que o caminho não é de violência”. No entanto, são necessários mais “serviços de psicologia e orientação nas escolas, compostos por psicólogos, educadores e assistentes sociais e mediadores de conflito”.