Crescente procura online de componentes automóveis determina tendência
Pesquisa, poupança e comparação são as palavras de ordem que ‘pintam’ o panorama mundial das compras online e que se estendem também ao mercado português. O ‘e-commerce’ é uma realidade em diversas áreas retalhistas mundiais, incluindo a de venda de acessórios e componentes para automóveis, no âmbito do pós-venda. No entanto, o dia em que os automóveis serão vendidos em plataformas online ainda parece estar distante.
“Este novo modelo de consumo mudou os padrões de compra dos consumidores domésticos em muitos aspectos, nomeadamente ao nível da comparação de produtos”, explica Christoph Atz, responsável da UPS em Portugal e Espanha, em entrevista à Automonitor.
Procurando analisar o comportamento dos consumidores online, a empresa de logística e serviços de transporte de mercadorias expresso levou a cabo o estudo “2014 Pulse of the Online Shopper”, tendo retirado do mesmo algumas conclusões interessantes. Uma delas prende-se com o facto de o mercado estar perante aquilo a que a UPS apelida de ‘cliente flex’, isto é, “um comprador online que muda facilmente de canais e dispositivos para avaliar e comprar produtos”, acrescenta Atz.
Portugueses procuram variedade e poupança
No último trimestre de 2014, 4.8 milhões de portugueses acederam a sites de comércio electrónico a partir dos seus computadores pessoais, número que se traduz em 79,7% dos internautas nacionais, segundo os resultados do Netpanel da Marktest.
Mas quem são os consumidores que procuram peças de automóveis para compra na Internet? “Um cliente frequente e experiente, que espera uma experiência de compra conveniente e flexível ao longo de todo o processo”, afirma Atz, sendo que estes utilizadores das plataformas de comércio online, apesar de não possuírem o conhecimento necessário para instalar os componentes sem recorrer a profissionais, “ainda conseguem obter alguma poupança ao comprar online e, claro, garantem acesso a uma ampla variedade e opções de produtos que não seria possível numa loja convencional”.
Numa altura em que a poupança pesa cada vez mais na balança de tomada de decisão dos consumidores, 83% dos inquiridos do estudo da UPS afirmou comparar preços antes de fazer uma compra e mais de metade dos consumidores online de peças e acessórios para automóveis (56%) afirmaram que o preço influencia a sua decisão de compra, prevalecendo sobre marcas e programas de fidelidade.
Este mercado ainda é recente em Portugal e, por isso mesmo, este “terá obrigatoriamente de adaptar alguns aspectos do seu ‘modus operandi’ para fazer face às necessidades e expectativas dos seus consumidores”, segundo o responsável da UPS na Península Ibérica.
Hoje componentes e acessórios, amanhã automóveis?
Christoph Atz acredita que o caminho não será traçado para apenas um canal mas sim por vários, incluindo o online mas não se limitando apenas neste. “Os online shoppers vão reunir informação, preparar-se e poupar tempo na visita à loja física para verificação final do produto e efectivar a sua compra”, afirma, referindo os efeitos que a tecnologia tem vindo a representar para os concessionários, no mundo inteiro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o número médio de visitas aos concessionários caiu de 5 para 1, sendo que um terço dos consumidores norte-americanos coloca a hipótese a compra online do seu próximo automóvel, de acordo com o estudo “Innovating Automotive Retail”, levado a cabo pela consultora McKinsey. Marcas como a Volvo, a Hyundai ou a Tesla já têm em curso programas piloto que visam a compra online de automóveis, em regiões específicas.
O ‘e-commerce’ será assim uma tendência futura que se prevê que cresça quatro vezes mais do que o PIB global, sendo que as transacções internacionais crescerão sete vezes mais. Para corresponder às exigências dos consumidores, o executivo da UPS defende que uma das maiores tendências desta modalidade será a “melhoria da cadeia de abastecimento dos retalhistas com o intuito de melhorar o serviço ao cliente”.