Covid-19: Próximos dois meses terão tantas mortes como os últimos 10, alerta especialista

A pandemia da Covid-19 em Portugal está muito provavelmente na sua fase mais complicada, batendo vários recordes diários de mortes e infeções. Na terça-feira registaram-se 156 novos óbitos, o número mais alto de sempre, levando os especialistas a prever que os próximos dois meses terão mais mortes do que os últimos dez, avança o ‘Expresso’.

Segundo a mesma publicação, a proteção dos mais velhos e vulneráveis «tem tido falhas», o que contribuiu para que a tendência crescente do número de mortes (que acontece com mais frequência nestas pessoas), se acentuasse.

Em dezembro, durante vários dias a faixa etária com mais de 80 anos registou a incidência mais elevada de novos casos e mesmo quando o contágio diminuía, «a curva entre os mais idosos mantinha-se numa espécie de planalto», escreve o ‘Expresso’. Por isso as previsões não são as melhores.

«Para já, é quase certo que a 14 de março, quando perfaz um ano completo desde o primeiro óbito com covid, iremos ter um acumulado de mais de 16 mil óbitos, podendo ultrapassar os 17 mil. Isso significa que nos próximos dois meses, com elevada probabilidade, irão ocorrer tantos ou mais óbitos quantos os que já ocorreram nos últimos dez», afirma Carlos Antunes, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), citado pelo ‘Expresso’.

O responsável adianta que é possível que os números cada vez maiores obriguem a um ajustamento do modelo, «o que irá agravar ainda mais as projeções”», refere estimando um pico de 180 óbitos por dia daqui a um mês.

Número de casos não vai baixar dos 10 mil num mês

Apesar de o Governo ter implementado um novo regime de confinamento geral para o próximo mês, é muito pouco provável que o número de infeções diárias fique já abaixo dos 10 mil em fevereiro. Pelo contrário, espera-se que continue a tendência crescente nas próximas duas semanas e só depois diminua, não havendo tempo para reduzir assim tanto.

«As medidas que entraram agora em vigor só se vão fazer sentir nos próximos 5 a 7 dias. Se a desaceleração do número de casos tiver uma velocidade semelhante à que se registou em março, então poderemos estar com 14 mil contágios daqui a duas semanas e muito provavelmente ainda acima de dez mil quando terminar o período de um mês de confinamento», afirmou Carlos Antunes á mesma publicação.

O especialista sublinha ainda que, apesar de ser «mais difícil» prever o nível de ocupação dos hospitais nessa altura, os números podem atingir os cinco mil internamentos, bem como as 800 camas em cuidados intensivos», tal como já tinha sido apontado na reunião do Infarmed.