Covid-19: Professores em teletrabalho sem apoio para filhos com menos de 12 anos
A Federação Nacional dos Professores alertou esta quinta-feira que o ensino à distância vai arrancar, na próxima segunda-feira, «sem que o Governo tivesse resolvido problemas que se conheciam quase há um ano».
«Uma vez mais avança o ensino a distância sem que tivessem sido resolvidos muitos dos principais problemas que, de há dez meses a esta parte, são conhecidos», sublinha.
«A esmagadora maioria dos computadores, prometidos para setembro, por agora, está adiada para o final de março; aos professores não foram garantidas as condições legalmente estabelecidas para o teletrabalho, designadamente os equipamentos, entre outras condições; aos docentes não se aplicam quaisquer medidas de apoio a filhos menores de 12 anos», argumenta.
Segundo a Fenprof, «por se encontrarem em teletrabalho, os/as docentes ficam impossibilitados de beneficiar de qualquer medida de apoio e acompanhamento de filhos menores de 12 anos. O mesmo acontece em relação ao cônjuge, encontre-se ou não em teletrabalho, pois estando um dos elementos do casal nesse regime, fica anulada a possibilidade de o outro poder, por exemplo, permanecer em casa para apoio a filhos».
«O horário dos professores obedece a uma organização que não é flexível, uma vez que terá de se articular com o de outros docentes, o dos alunos e o das suas famílias. A atividade prevista para determinada hora não pode ser adiada ou antecipada, de acordo com os ritmos e as necessidades dos filhos dos professores, muitas vezes manifestadas no momento em que decorre atividade síncrona e o docente se encontra em contacto visual e sonoro com as suas turmas», revela o organismo na nota em questão.
A Federação critica o facto de os docentes não estarem inseridos «no grupo de trabalhadores de serviços essenciais», uma vez que assim, não podem «recorrer às creches e escolas de acolhimento» e «encontrando-se em teletrabalho, como antes se refere, não poderão beneficiar da dispensa de atividade profissional».
Por não ter tido resposta a estas questões, ou qualquer solução por parte do Ministério da Educação, a Fenprof «dirigiu-se ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e aos Grupos Parlamentares, a quem solicitou que fossem promovidas todas as diligências possíveis com vista à resolução urgente do problema».
«Os professores sabem da relevância de não abandonarem os seus alunos, mesmo neste momento, mantendo-os no radar das escolas e procurando, dentro do possível, minimizar os problemas que o encerramento das escolas coloca», revela.
Ainda assim. o organismo reitera que «não pode o governo, conhecendo quão responsáveis são os professores, aligeirar o papel que lhe cabe e as obrigações que tem em todo este processo, o que levará a Fenprof, na reunião do seu Secretariado Nacional, a decidir formas de ação que conduzam, entre outras questões, à compensação dos docentes por terem sido obrigados a utilizar os seus recursos pessoais», conclui.