Covid-19 pode sobreviver até 150 horas em superfícies de plástico, indica estudo
As gotas que expelimos quando tossimos, espirramos ou mesmo falamos e que podem ‘cair’ em locais diferentes são uma ameaça em termos de contágio da Covid-19. Após alguns segundos secam, sem deixar qualquer vestígio. Contudo, estudos recentes demonstraram que as gotículas de fluido respiratório infetadas com SARS-CoV-2 (responsável pela doença Covid-19), podem permanecer ativas durante horas ou mesmo dias, dependendo do material em que se encontram.
Como é que o novo coronavírus consegue sobreviver nestas condições? Os físicos do Instituto Indiano de Tecnologia, em Mumbai, quiseram descobrir o que está por detrás desta possível via de transmissão. Para tal, exploraram o tempo que as partículas virais que permanecem nas superfícies demoram a secar ou a desaparecer. Os resultados do estudo acabam de ser publicados em Physics of Fluids.
“Trata-se de uma partícula líquida, com cerca de um nanómetro de espessura, que permanece nas superfícies”, disse Rajneesh Bhardwaj, professor de física no IIT Bombay, à ABC, responsável pela investigação, juntamente com o seu colega, Amit Agrawal.
Os dois investigadores modelaram a taxa de evaporação das gotas infetadas com SARS-CoV-2 com base em dados de estudos anteriores e aplicando diferentes teorias físicas, e tiveram em conta diferentes tipos de materiais. “O tempo de evaporação foi menor para os metais, mas as gotas sobreviveram mais tempo nos plásticos”, concluíram.
“O nosso modelo mostra que o tempo de sobrevivência e secagem destas gotas é consistente com medições anteriores de sobrevivência mínima do SARS-CoV-2 em diferentes tipos de materiais”, explica Agrawal. Nas experiências, verificou-se que em cobre, o novo coronavírus pode sobreviver 10 a 15 horas; em aço inoxidável, permanece entre 40 e 60 horas; em vidro, atinge entre 60 e 80 horas; e o máximo é produzido em plástico, onde dura de 100 a 150 horas.
“A nossa maior surpresa foi o facto de ter durado sempre horas, ou mesmo dias”, diz Bhardwaj. Por outras palavras, mesmo que não a possamos ver, a ‘ameaça’ pode durar vários dias após uma pessoa infetada ter expelido algum fluido.
É por isso que os investigadores recomendam fortemente “a desinfeção de superfícies frequentemente tocadas, tais como maçanetas de portas ou dispositivos portáteis, e dentro de hospitais e outras áreas propensas a surtos”, adverte Agrawal.