Covid-19: Novo estudo alerta que medicamento da Merck pode estar a causar mutações no vírus e a originar novas variantes

Um medicamento contra a Covid-19, que acabou de ser aprovado para ser usado no combate ao vírus na China, causa mutações no coronavírus que causa a doença, alerta um novo estudo científico, de investigadores norte-americanos e ingleses.

Os cientistas identificaram novas mutações em amostras virais obtidas de dezenas de pacientes a quem tinha sido dado o antiviral da Merck Lagevrio. As alterações verificadas não tornaram o vírus mais mortal ou transmissível, mas o especialistas alertam que mostra o risco de medicamentos que funcionam através da manipulação do código genético da Covid.

Pouco usado nos EUA, no Reino Unido, na China é visto como uma esperança para esmagar a onda de crescimento exponencial de casos que o país enfrena. Com mais de 250 milhões de novos casos de infeção apenas em dezembro, segundo especialistas, se então o risco de surgimento de uma nova variante da Covid era muito grande, com o uso amplo do medicamento maior o risco será, alertam os cientistas.

As preocupações foram levantadas depois de ter recebido a aprovação do regulador do medicamento norte-americano, a FDA, em 2021. Depressa o Paxlovid, da Pfizer, ganhou terreno e tornou.se no antiviral contra a Covid-19 preferido, deixando o comprimido da rival Merck para trás.

O estudo, que inclui cientistas da Universidade de Cambridge, o Francis Crick Institute e a Imperial College London, ainda aguarda revisão. Os investigadores analisaram mais de 13 milhões de sequências de RNA do vírus que causa a Covid-19, no estudo.

Nas amostras, encontraram provas de que o medicamento causou replicação do vírus. Quase todas as deteções foram em amostras recolhidas em 2022, altura em que o medicamento foi disponibilizado globalmente, pelo que será o ‘culpado’.

“É possível que alguns pacientes tratados com molnupiravir possam nunca completamente eliminar infeções pelo SARS-CoV-2, com o potencial de transmissão contínua de vírus com mutações pelos medicamento”, escrevem os investigadores.

A Merck contesta o estudo e recusa qualquer ligação com a contribuição do medicamento para surgimento de novas variantes.

“Não há evidência de qualquer género que indique que qualquer agente antiviral tenha contribuído para a emergência das variantes [da Covid19] em circulação”, declarou o porta-voz da Merck em declarações à Bloomberg.