Covid-19: Novo comprido antiviral reduz sintomas e tempo de teste positivo após infeção
O novo medicamento antiviral oral Ensitrelvir tem capacidade de diminuir, num dia, os sintomas de Covid-19 leves a moderados, reduzir o tempo em que uma pessoa testa positivo e pode ainda ser utilizado para tratar o coronavírus de longa duração, informou a revista médica Nature, esta terça-feira.
Este medicamento, desenvolvido pela empresa farmacêutica japonesa Shionogi, consegue também prevenir a infeção por Covid-19, de acordo com as alegações da empresa. Contudo, os cientistas não estão totalmente convencidos de que seja possível.
Foi já testado em cerca de 1.200 pessoas com o objetivo principal de determinar qual o seu impacto na recuperação dos pacientes. Segundo os resultados, os participantes que tomaram comprimidos de 125 miligramas recuperaram de cinco sintomas específicos – nomeadamente nariz entupido ou a pingar, dor de garganta, tosse, sensação de calor ou febre e cansaço – cerca de 24 horas mais cedo do que os restantes.
Os que tomaram a dose de 125 miligramas também testaram negativo para o vírus SRA-CoV-2 cerca de 29 horas antes dos que os que tomaram um placebo, o que faz com que este estudo seja o primeiro a mostrar uma redução estatisticamente significativa no tempo nos resultados do teste, de acordo com Shionogi.
A análise também investigou o potencial do medicamento para prevenir o coronavírus durante um longo tempo. Os investigadores perguntaram a um subconjunto de participantes quais os seus sintomas três e seis meses após terem-se inscrito na experiência bem como durante o seu período de infeção aguda. Os que relataram dois ou mais dos mesmos sintomas, pelo menos duas vezes seguidas durante este período, foram definidos como tendo desenvolvido uma Covid-19 longa.
Os participantes que apresentaram um número relativamente elevado de sintomas durante as fases iniciais da doença tinham um risco de 14% de desenvolver Covid-19 longa se tomassem o antiviral, em comparação com um risco de 26% para participantes semelhantes no grupo placebo. Isto levou Shionogi a concluir que os participantes que receberam o Ensitrelvir têm um risco reduzido de desenvolver a infeção por um grande período de tempo.
Contudo, os cientistas que não estiveram envolvidos indicaram que o estudo não se destinou especificamente a investigar o risco de Covid-19 longa, acrescentando que esta definição, na pesquisa, não é clara, o que faz com que não seja possível tirar conclusões credíveis sobre o potencial do medicamento neste sentido.
Apesar destas limitações, os especialistas acreditam ser plausível que os antivirais possam impedir a Covid longa. De recordar que uma análise recente revelou que as pessoas que tomaram Paxlovid, outro antiviral utilizado para tratar esta doença, apresentaram um risco reduzido de desenvolver a infeção durante bastante tempo em comparação com as que não tomaram medicamentos antivirais.
Ensitrelvir é o terceiro antiviral oral utilizado para tratar o coronavírus, depois de Paxlovid e Molnupiravir. Ainda que atualmente ambos sejam utilizados apenas em pessoas que estão em alto risco de doença grave, o Ensitrelvir foi testado em topo o tipo de pessoas independentemente do seu risco, o que pode significa que ao ser utilizado por indivíduos de baixo risco pode representar implicações.