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Covid-19. Gentiloni confia na luz-verde dos 27 a plano de recuperação europeu
Apesar das diferenças que persistem quanto à forma de lidar com o choque económico gerado pela pandemia, a União Europeia deverá mesmo pedir milhares de milhões de euros emprestados este Verão aos mercados financeiros, revela a “CNBC”, que cita fonte do executivo comunitário.
A Comissão Europeia (CE) propôs, no final de Maio, um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros para apoiar o relançamento da economia da União Europeia no pós-Covid-19, dos quais poderão vir a caber a Portugal aproximadamente 26 mil milhões.
A presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, prevê que deste montante – que a própria Comissão deve assegurar nos mercados – 500 mil milhões de euros sejam canalizados para os Estados-membros, através de subsídios a fundo perdido. Os restantes 250 mil milhões serão concedidos como empréstimos. As negociações estão em curso, mas alguns Estados-Membros continuam relutantes em dar o passo, por recearem riscos para os seus próprios contribuintes.
No entanto, numa conferência online do Goldman Sachs, nesta sexta-feira, o comissário europeu da Economia Paolo Gentiloni, que é representante do executivo comunitário nas discussões do Eurogrupo sobre a resposta à crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, manifestou-se confiante de que os líderes europeus ultrapassarão as suas divergências.
O italiano disse que, para já, não viu «nenhuma porta a bater», apenas «sérias críticas». «Isso fez com que sentisse que há uma abertura para a discussão», apontou Gentiloni, acrescentando que os pormenores da proposta da CE podem ser ajustados, mas que, no final, o seu conteúdo será adoptado.
Segundo uma fonte do executivo comunitário, que falou com a “CNBC” sob condição de anonimato, os países do leste europeu consideram que o plano beneficiará, sobretudo, os países do Sul. Por outro lado, existem também discordâncias quanto ao montante que deve ser concedido sob a forma de subvenções e quanto deveria ser em empréstimos. A Áustria, a Dinamarca e os Países Baixos preferem, por exemplo, um montante maior em empréstimos.
Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro português, António Costa, escreveu na rede social Twitter que espera que «todos os líderes europeus estejam à altura dos desafios que a Europa enfrenta para que adoptemos em breve a proposta da Comissão para a recuperação económica e social europeia». «Dela depende a adesão dos Europeus a este nosso projecto comum», acrescentou.
No 35.º aniversário da assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE, renovamos o nosso compromisso com esta Comunidade de valores e de prosperidade partilhada, e reforçamos a nossa ambição de continuar a construir uma Europa mais forte, mais unida e mais coesa.
— António Costa (@antoniocostapm) June 12, 2020
Os 27 líderes europeus vão negociar o plano da CE em conjunto, pela primeira vez, na próxima sexta-feira, 19 de Junho, por videochamada.