Covid-19: Especialistas temem que aumento de casos na China ‘contamine’ a Europa. Coinfeção é grande receio
Com o levantamento de medidas preventivas e restrições da Covid-19 na China, na sequência de protestos, subiram em flecha o número de novas infeções naquele país e soaram os alarmes pelo mundo, com as previsões de 800 milhões de pessoas infetadas nos próximos três meses a causarem receios de um aumento da transmissibilidade do vírus a nível global, e que sejam postos em causa os esforços de controlo da pandemia.
Para já, segundo especialistas, Portugal “está protegido”, mas o vírus pode trocar as voltas às autoridades de saúde, com mutações.
“Nunca podemos ter qualquer tipo de certeza acerca das características do vírus que podem surgir na sequência de mutações”, afirma o médico epidemiologista Manuel Carmo Gomes à SIC, que recorda que o SARS CoV-2 “já nos fez algumas surpresas”.
“Se surgir uma variante que seja muito mais patogénica do que o que temos visto, teremos de estar alerta”, defende o especialista, que afirma que o enorme aumento de casos de infeção na China é “uma bandeira laranja” para o mundo.
Ainda assim, apesar dos receios, a variante dominante na China, a BQ.7 é menos contagiosa e causa sintomas menos fortes do que a BQ.1, que domina a Europa e Portugal, pelo que o que assusta são os números e outro aspeto realçado pelos especialistas: a coinfecção.
A coinfeção consiste na infeção simultânea por duas linhagens diferentes da Covid-19, primeiro uma sub-variante, e no mesmo dia ou depois, outra.
“É perigoso porque quando temos duas linhagens do vírus em simultâneo no mesmo doente, elas podem recombinar e dar origem a versões nunca vistas do vírus”, explica Manuel Carmo Gomes, que garante que a grande cobertura da vacinação contra a Covid-19 confere proteção e que, por isso, a maior preocupação não se coloca, para já, em território nacional.
“Para já não há motivos de maior para preocupação, temos uma população muito protegida”, termina o especialista.