Coronavírus: Médico chinês alertou sobre uma eventual epidemia, mas foi silenciado
A 30 de Dezembro – um dia antes de a ameaça se tornar oficial – um médico de Wuhan alertou para o início do surto do coronavírus, depois de sete dos seus alunos terem manifestado sintomas semelhantes aos da SARS. Mas na cidade que foi o epicentro da infecção, as autoridades tentaram abafar o sucedido, conta a CNN.
Li Wenliang foi às redes sociais para alertar a população, aconselhando medidas de proteção como máscaras e roupa adequada. Mas as suas declarações foram desvalorizadas, chegando mesmo a ser detido pela polícia, por «publicar informações falsas na Internet». Vários meios de comunicação publicaram os dados divulgados por Li Wenliang, apelidando-o de «criador de boatos».
Mais tarde, a 3 de Janeiro, o Gabinete de Segurança Pública fez Li Wenliang assinar uma carta na qual reconhecia ter «perturbado seriamente a ordem social», fazendo-o prometer não repetir a «atividade ilegal». Caso contrário, seria «levado à Justiça».
No início de Janeiro, as autoridades chinesas ainda acreditavam que o coronavírus só era transmitido de animais para homens, e não de humano para humano. Quando os médicos do Hospital de Wuhan começaram a agir, já era demasiado tarde para muitos. A 1 de fevereiro, o próprio médico oftalmologista acabou por ser contagiado, ao ter tratado uma mulher com glaucoma, sem saber que ela estava infectada.
A publicação onde Li Wenliang comunica que apanhou o vírus, recebeu milhares de comentários e palavras de apoio, tendo sido mesmo apelidado de herói por se ter apercebido do surto, antes de ele se espalhar. As autoridades locais pediram-lhe desculpa.