Consumo de carvão em Portugal em mínimos de 35 anos
As estatísticas não mentem, Portugal utiliza cada vez menos carvão para produzir electricidade e a tendência é que a quantidade continue a diminuir. Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, admite que «é um ponto sem retorno», acrescentando ainda que «a mudança era previsível, mas não de uma forma tão abrupta», de acordo com o Expresso.
O final de 2019 registou valores históricos, uma vez que no ano passado Portugal apenas consumiu 2,09 milhões de toneladas de carvão, sendo este o número mais baixo dos últimos 30 anos, de acordo com as estatísticas da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
A fraca utilização das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, impulsionou a queda no consumo de carvão, em cerca de 54% em 2019, passando de 4,5 milhões de toneladas em 2018 para os 2,09 milhões de toneladas registados no ano passado.
Se recuarmos bem no tempo, é possível verificar que durante toda a década de 1990, foram queimados mais de três milhões de toneladas de carvão, em Portugal, por ano. Só em 1985 foi registado um valor de consumo mais baixo correspondente a 1,6 milhões de toneladas de carvão.
Mais de 30 anos depois, as centrais de Sines e da Tejo Energia têm os dias contados, uma vez que o Governo pretende fechar a primeira no máximo em 2023 e a segunda já em 2021.
Nuno Ribeiro da Silva assume que nunca tinham sido vistos valores tão baixos: «No Pego, desde o arranque, foi o ano em que a central menos funcionou. Esteve a funcionar em 20% das horas e podia estar acima dos 85%», revela citado pelo Expresso.
Prevê-se que no futuro, após o fecho das centrais a carvão, seja a vez das centrais de ciclo combinado a gás natural, assumirem o papel de garantir que o país produz energia suficiente, mesmo quando as fontes renováveis não se encontram disponíveis (seca, falta de produção hídrica ou dias sem vento).