Conselheira das Comunidades Portuguesas deixa presidência por causa de André Ventura

Foi através do Facebook que a conselheira eleita em França e presidente do Conselho Regional da Europa (CRE) das Comunidades Portuguesas, Luísa Semedo, anunciou a sua demissão do cargo de presidente.

«Considero não reunir as condições necessárias para continuar a representar a totalidade das Conselheiras e Conselheiros deste digno órgão de representação das Comunidades portuguesas na Europa», pode ler-se no anúncio publicado por Luísa Semedo.

A decisão de tornar públicos o documento e carta de demissão prendeu-se com a necessidade de evitar «que se propaguem versões excêntricas. Os tempos que nos esperam vão ser rudes, aqui estaremos para os enfrentar. A luta continua!», afirma a conselheira. A demissão foi apresentada oficialmente por carta à Secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, e ao Presidente do Conselho Permanente (CCP) Flávio Martins.

O principal motivo apontado é o facto de Luísa Semedo se recusar a encontrar André Ventura, deputado do Chega, dizendo mesmo: «não lhe reconheço legitimidade, penso que é fruto de uma anomalia, de uma falha do nosso sistema democrático. O racismo, o fascismo, o nazismo, o sexismo, a homofobia não são opiniões, são crimes», refere.

Luísa Semedo justifica ainda a sua decisão, falando das «filhas e filhos luso-descendentes que detêm dupla nacionalidade e que poderiam também ser discriminados e incitados a serem devolvidos à sua terra por políticos que perfilham a mesma ideologia de André Ventura nos países de residência.»

A conselheira diz que não pode ser «anfitriã e a interlocutora de quem me considera como inferior». A demissão foi apenas do cargo de presidente do conselho europeu, afirmando que vai continuar «como conselheira até ao fim do mandato e é nesse cargo pelo qual respondo e como cidadã que lutarei sempre, com todas as minhas forças, contra todo o tipo de visões e práticas hierarquizante», termina.