Conflitos no Médio Oriente: O que se espera das guerras com Israel em 2025, segundo especialistas
Desde o ataque devastador de 7 de outubro de 2023, realizado pelo Hamas, que resultou em reféns e numerosas mortes, Israel intensificou as suas operações militares contra o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e, indiretamente, contra o Irão. As hostilidades visam eliminar ameaças à segurança de Israel, numa tentativa de impedir eventos semelhantes no futuro.
Embora ainda não se tenha transformado numa guerra aberta, a troca de mísseis entre Israel e o Irão, principal financiador de grupos como Hamas e Hezbollah, sinaliza uma escalada preocupante. Na Síria, a queda do regime de Bashar al-Assad levou Israel a atacar alvos, incluindo alegados armazéns de armas químicas, numa tentativa de enfraquecer a influência iraniana na região.
De acordo com Fawaz A. Gerges, professor de Relações Internacionais na London School of Economics, citado pela Newsweek, o conflito Israel-Palestina, que já dura mais de um século, só terminará com o fim da ocupação israelita e o reconhecimento do direito de autodeterminação dos palestinianos. Ele prevê que as atuais hostilidades intensas terminem em 2025, mas alerta que novas rondas de conflito são inevitáveis.
Já Eyal Zisser, especialista em história contemporânea do Médio Oriente da Universidade de Tel Aviv, destaca que Israel alcançou progressos significativos desde 2023. O Hamas foi derrotado como força militar e governativa em Gaza, enquanto o Hezbollah sofreu um golpe severo. Zisser sugere que 2025 poderá trazer uma oportunidade para transformar estas vitórias militares em avanços políticos com estados árabes moderados e, possivelmente, com os palestinianos. No entanto, sublinha que a decisão final dependerá de figuras como Donald Trump, cuja oposição a guerras prolongadas poderá influenciar os desdobramentos.
Mehran Kamrava, professor da Universidade de Georgetown no Qatar, recorre à metáfora do “polvo” utilizada por Naftali Bennett em 2022 para descrever o Irão e os seus aliados, cujos “tentáculos” Israel tem enfraquecido. Kamrava observa que, embora a estratégia iraniana dependa de proxies como Hezbollah e Hamas, estas forças têm sido sistematicamente desmanteladas. Apesar das vitórias israelitas, o professor acredita que a pressão externa, particularmente dos EUA, será crucial para evitar um conflito total.
Lior B. Sternfeld, historiador na Universidade Estadual da Pensilvânia, destaca que as questões legais e políticas de Netanyahu complicam a possibilidade de encerrar os conflitos. Segundo Sternfeld, Netanyahu prolonga a guerra em Gaza para fortalecer a sua posição interna, mesmo com críticas crescentes dentro de Israel. Ele acredita que apenas pressão internacional significativa poderá forçar uma mudança de rumo.
Alex Vatanka, do Middle East Institute, considera a queda do regime de Assad um golpe significativo para o Irão e o “Eixo de Resistência”. Contudo, aponta para a crescente dúvida em Teerão sobre a viabilidade da sua estratégia regional. A fragilidade do apoio de Assad ao Irão exemplifica as limitações do controlo iraniano sobre os seus aliados.
Para Avi Shlaim, professor emérito da Universidade de Oxford, os conflitos no Médio Oriente dificilmente terminarão em 2025. Ele critica Israel como um “estado colonial” que rejeita a criação de um estado palestiniano independente, perpetuando assim os confrontos. Além disso, acusa os EUA de cumplicidade nas guerras israelitas devido ao seu apoio militar e diplomático incondicional.
Embora o futuro dos conflitos de Israel no Médio Oriente em 2025 permaneça incerto, especialistas convergem na opinião de que a resolução definitiva depende de fatores complexos: desde as decisões políticas internas de Israel e dos seus aliados até à pressão internacional. A continuidade das hostilidades ou a possibilidade de um acordo político dependerá de como estes elementos se alinham nos próximos meses.