Da recessão económica à escassez de talento: Relatório do Fórum Económico Mundial revela os principais riscos para Portugal
A 20.ª edição do Global Risks Report, divulgada hoje pelo Fórum Económico Mundial, expõe um panorama global cada vez mais fragmentado, onde tensões geopolíticas, desafios climáticos, sociais e tecnológicos ameaçam a estabilidade e o progresso. Em Portugal, os desafios são outros.
O risco de conflito armado entre Estados é apontado como o mais urgente para 2025, com quase um quarto dos inquiridos a classificá-lo como a principal preocupação. A desinformação e as informações incorretas também permanecem no topo das ameaças de curto prazo, destacando os impactos na confiança social e na governação. Outros riscos iminentes incluem eventos climáticos extremos, ciberespionagem, polarização social e guerras.
A perspetiva a 10 anos é liderada por riscos ambientais, como eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade, colapso de ecossistemas e escassez de recursos naturais. A poluição, presente tanto no curto como no longo prazo, reflete os impactos crescentes na saúde e nos ecossistemas. Tecnologias emergentes, como inteligência artificial e desinformação, também figuram entre os principais riscos futuros.
“As tensões geopolíticas crescentes, a fragmentação da confiança global e a crise climática estão a pressionar o sistema global como nunca antes”, afirmou Mirek Dušek, Diretor-Geral do Fórum Económico Mundial. “Num mundo marcado por profundas divisões e riscos em cascata, os líderes globais têm uma escolha: fomentar a colaboração e a resiliência ou enfrentar uma instabilidade crescente. O que está em jogo nunca foi tão crítico”.
Já em Portugal, o risco da escassez de mão-de-obra e talento é apontado como o principal risco para os inquiridos, seguido de uma recessão económica, serviços públicos e apoios sociais insuficientes, pobreza e desigualdade e, por fim, o aumento da dívida pública.
“Considerando as tendências e preocupações identificadas no Global Risks Report 2025, o impacto dos riscos globais no mercado português pode ser significativo. O aumento das tensões geopolíticas e a desinformação podem afetar a estabilidade económica e política em Portugal, assim como aumentar a instabilidade e a desigualdade social. Subsistem os riscos ambientais onde os eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas podem ter consequências graves para o ambiente, famílias e indústrias”, afirma José Coutinho, Chief Underwriting Officer na Zurich Portugal.
O relatório, baseado em opiniões de mais de 900 especialistas e líderes globais, revela que quase dois terços dos inquiridos esperam um cenário turbulento até 2035, marcado por divisões geopolíticas e desafios ambientais e tecnológicos.
“De conflitos a mudanças climáticas, estamos a enfrentar crises interligadas que exigem uma ação coordenada e coletiva”, diz Mark Elsner, Responsável pela Iniciativa do Global Risks Report do Fórum Económico Mundial. “Esforços renovados para reconstruir a confiança e promover a cooperação são urgentemente necessários. As consequências da inação poderão ser sentidas pelas gerações futuras”.
A publicação, que chega à sua 20.ª edição, é produzida pela Iniciativa de Riscos Globais do Fórum Económico Mundial, com base numa pesquisa que reúne as perspetivas de líderes empresariais, governamentais e académicos.