Compra de carros sobe 5,6% em Portugal no último ano. Um em cada cinco novos é elétrico
O mercado automóvel português registou um aumento de 5,6% nas vendas de viaturas novas em 2024, com 249.269 unidades matriculadas, a grande maioria (97%) correspondendo a veículos ligeiros de passageiros e de mercadorias. Apesar do crescimento, o ritmo desacelerou substancialmente em comparação com o salto de 26,1% verificado em 2023, revelando um arrefecimento na procura por parte de famílias e empresas.
A Peugeot manteve a liderança no mercado nacional, com 21.611 ligeiros de passageiros e 5718 ligeiros de mercadorias vendidos. A Renault ficou em segundo lugar graças ao forte desempenho nos ligeiros de mercadorias, uma vez que, nos ligeiros de passageiros, foi apenas a quarta marca mais vendida, atrás da Mercedes-Benz (segunda) e da Dacia (terceira).
Mudanças no mercado de motores
Os dados de 2024, citados pelo jornal Público, mostram uma mudança significativa nas preferências de motorização. Os carros com motores a gasóleo caíram para uma quota de apenas 8,8% no mercado de ligeiros de passageiros, em comparação com os 12,2% registados no final de 2023. Os motores a gasolina também perderam terreno, passando de 36,1% para 33,9%.
Em contraste, os veículos 100% elétricos e híbridos convencionais (não recarregáveis) ganharam quota de mercado. Um em cada cinco ligeiros de passageiros matriculados em 2024 foi totalmente elétrico, com a quota deste segmento a subir de 18,2% para 19,9%.
Já os híbridos plug-in, embora tenham registado um aumento nas vendas absolutas, perderam quota relativa no mercado.
Tesla lidera entre elétricos; BYD e MG crescem rapidamente
A Tesla foi a marca com mais ligeiros de passageiros elétricos matriculados em 2024, com 9760 unidades, um aumento de 4,6% face ao ano anterior. Este desempenho garantiu-lhe o oitavo lugar entre os maiores vendedores de ligeiros em Portugal, mas a sua quota de mercado manteve-se estável.
Entre as marcas emergentes, destaque para a chinesa BYD, que quase sextuplicou a sua quota de mercado com 4174 viaturas matriculadas. A BYD e a sua compatriota MG foram as marcas que mais cresceram em termos de quota, embora, juntas, representem apenas 2,29% do mercado nacional.
Enquanto os ligeiros cresceram, o mercado de veículos pesados recuou 8,3% face a 2023. No total, foram matriculados 7250 veículos pesados em 2024, contra 7907 no ano anterior.
Quatro anos de crescimento, mas longe dos melhores anos
Este é o quarto ano consecutivo de crescimento no mercado automóvel português, após a quebra acentuada registada em 2020 devido à pandemia de covid-19. No entanto, o número de viaturas matriculadas em 2024 ainda está 7,4% abaixo dos níveis de 2019, segundo o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro.
O ano de 2018 permanece como o melhor dos últimos dez anos, com mais de 273 mil viaturas novas matriculadas, quase 24 mil a mais do que em 2024. Contudo, comparando com 2014, quando foram registadas 172.357 unidades, o crescimento é evidente, com mais 77 mil carros vendidos em 2024.
Hélder Pedro destacou o impacto positivo do mês de dezembro, com uma aceleração de 16,4% em termos homólogos, contribuindo significativamente para o resultado anual. Dois períodos típicos impulsionam as vendas: entre a primavera e o verão e no mês de dezembro, devido aos subsídios de férias e Natal e à renovação de frotas empresariais, incluindo as de rent-a-car.
As empresas de aluguer de viaturas continuam a representar entre 28% e 30% das vendas anuais. “O turismo teve um ano muito positivo e isso refletiu-se no negócio do rent-a-car, que é um canal muito importante para o nosso setor”, explicou o responsável da ACAP.
O desempenho do mercado português alinha-se com o crescimento positivo registado em Espanha, onde as vendas subiram 7,1%, ultrapassando pela primeira vez a fasquia de um milhão de viaturas novas (1,01 milhões).
Já na Alemanha, as vendas acumularam apenas um crescimento de 0,4% até novembro, refletindo estagnação. Em França, o setor registou uma quebra de 3,2%, atribuída ao “contexto de incerteza política” no país.
Embora o mercado nacional tenha dado sinais de recuperação, os desafios permanecem, desde o impacto das políticas públicas até à adaptação a novas tendências de mobilidade. O foco em frotas mais modernas e ecológicas continuará a ser uma prioridade, com a expectativa de que as vendas possam voltar a crescer de forma mais sustentada nos próximos anos.