“Cheira mal!”: Toneladas de lixo acumulam-se nas ruas de Paris devido a greve sem fim à vista

A capital francesa está a acumular toneladas de lixo nas ruas devido a uma greve dos trabalhadores que não tem, até ao momento, previsão de fim. Sacos e sacos de lixo ocupam Paris em zonas tanto residenciais como de restauração, o que está a gerar receio de uma invasão de ratos, por falta de higiene, avança o Politico.

Desde dia 6 de março que os responsáveis pela recolha do lixo estão em protesto contra uma controversa reforma do sistema de pensões francês defendida pelo presidente Emmanuel Macron, que apoia o aumento da idade de reforma destes trabalhadores – atualmente com o direito de se reformar mais cedo com benefícios reduzidos devido à dificuldade do seu trabalho – de 57 para 59 anos.

Como consequência, na segunda-feira, cerca de 5.600 toneladas de lixo não recolhido ocuparam as ruas da capital, ao oitavo dia de greve, de acordo com o gabinete do presidente da câmara de Paris, citado pela AFP francesa Newswire.

“Não é bonito e cheira mal!”, lamentou a residente do 15º distrito do sul, Mathilde Boyer, ao salientar que embora esteja preocupada com os riscos sanitários, entende o motivo dos trabalhadores. “Esta greve] Mostra que há falta de funcionários em Paris e que o seu trabalho e o direito a uma vida decente e a uma pensão deve ser respeitado”, argumentou.

O receio de uma infestação de ratos é cada vez maior, dado que para cada pessoa que vive em Paris, existem 1,5 a 1,75 ratos, fazendo da Cidade das Luzes uma das cidades mais infestadas do mundo, o que levou a Academia Nacional de Medicina francesa a emitir um aviso em julho sobre a “ameaça à saúde humana” representada pelos ratos e as doenças que podem transmitir aos seres humanos.

Durante o fim-de-semana esta questão causou uma rixa política, depois dos presidentes de câmara de vários distritos parisienses terem argumentado que a greve ameaça transformar-se num grande risco para a saúde pública, apelando à presidente da câmara de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que tomasse medidas.

A greve deve durar, pelo menos até quarta-feira, quando os representantes dos sindicatos vão votar sobre se devem continuar a greve, avança o diário Le Parisien. No entanto, poderá continuar por mais tempo, uma vez que os sindicatos informaram que vão continuar o protesto até que o governo retire a sua reforma das pensões, que visa aumentar a idade legal da reforma de 62 para 64 anos.