Central nuclear junto à fronteira portuguesa vai fechar portas devido à elevada carga fiscal
A central nuclear de Almaraz, na Extremadura espanhola, a cerca de 130km da fronteira com Portugal, prepara-se para entrar na fase de arrefecimento ainda este ano, iniciando o processo que culminará no encerramento definitivo em 2027.
Esta decisão, que resulta de um acordo firmado em 2019 entre o Governo espanhol e os proprietários da central — Iberdrola, Endesa e outras empresas do setor —, está a gerar protestos por parte de trabalhadores e autarcas locais, revela o ‘El Confidencial’.
O encerramento de Almaraz marcará o início do plano nacional para desativar todas as centrais nucleares em Espanha num prazo de 10 anos.
Apesar dos protestos e especulações sobre um possível prolongamento da vida útil de Almaraz, o Ministério da Transição Ecológica mantém a posição de que o acordo de encerramento deve ser cumprido.
Para os críticos da decisão, Espanha está a correr um risco estratégico ao encerrar as centrais nucleares sem garantir que as energias renováveis possam preencher a lacuna no fornecimento de eletricidade.
A nível económico, as empresas também enfrentam desafios significativos. O aumento dos impostos sobre o setor nuclear — que representam 40% dos custos operacionais até 2035 — e a exigência de elevados investimentos para cumprir os padrões de segurança tornaram o negócio menos viável. A Iberdrola e a Endesa já afirmaram que apenas considerariam renegociar os prazos de encerramento mediante uma redução da carga fiscal, seguindo o exemplo de países como a Bélgica, que estabeleceu parcerias público-privadas para prolongar a vida das suas centrais, revela a mesma fonte.
Enquanto os trabalhadores de Almaraz continuam a apelar à reversão da decisão, os proprietários da central mantêm-se firmes nos seus planos de desativação.