Caso Marega: António Costa avisa dirigentes desportivos para «terem muito cuidado» para não «atear fogos»
O Caso Marega voltou a ser abordado no Parlamento pelo primeiro-ministro António Costa, durante o debate quinzenal desta terça-feira, no qual deixou um aviso aos dirigentes desportivos para não atearem fogos dificeis de controlar, referindo-se à forma como se dirigem aos adeptos.
«É importante os senhores dirigentes desportivos terem muito cuidado na forma como se dirigem, em geral e regularmente, aos seus adeptos e apoiantes. Porque sabemos que o desporto é uma atividade de paixão. Mas, se nós andamos a acender paixão, arriscamo-nos simplesmente a atear fogos que, depois, são muito difíceis de controlar», referiu o primeiro-ministro.
António Costa acrescentou ainda que «há uma enorme irresponsabilidade na forma como o discurso de ódio e intolerância são muitas vezes implementados».
Ainda assim o líder socialista não vê qualquer necessidade de modificar a legislação, ressalvando que o combate ao racismo e à violência já estão previstos na lei, com novas regulamentações prestes a entrar em vigor, uma delas já na próxima época desportiva.
«Não podemos estar sempre a fazer de conta que estamos a partir do zero. Temos de partir da memória do trabalho que fizemos. Para já, o que temos a fazer é dar cumprimento à legislação que foi acabada de aprovar e pôr as instituições a funcionar. O que nós temos de fazer e o que os clubes têm de fazer é aquilo que está previsto na lei, que é ter programas concretos dirigidos aos associados e adeptos nas diferentes modalidades, para haver um combate ativo a todas as formas de violência e racismo», disse Costa.
O primeiro-ministro fez questão de, na mesma intervenção parlamentar, voltar a elogiar o avançado do FC Porto pelo seu comportamento «exemplar», em resposta aos insultos racistas que foi alvo.
«Mais importante, muitas vezes, do que aquilo que está na lei é todos ganharem a consciência de que há comportamentos que, por mais normalizados que possam parecer, são absolutamente inaceitáveis e são deploráveis», conclui António Costa.