Carlos César acusa presidentes de clubes e comentadores de incitarem à violência
Carlos César, presidente do Partido Socialista, considera que alguns elementos da comunidade do futebol, nomeadamente presidentes de clubes e comentadores desportivos, têm contribuído para a incitação da violência no meio, através discursos agressivos, segundo a TSF.
Estas declarações foram feitas na sequência do Caso Marega, que ocorreu no passado domingo, onde o jogador do FC Porto abandonou o jogo contra o Vitória de Guimarães, devido a insultos e cânticos racistas. Neste sentido, o socialista referiu que «esta questão está do lado das organizações, do lado dos reguladores do sector, do lado das forças de segurança, do lado do poder judicial».
Carlos César acredita que existem outras personalidades com um importante papel para contrariar a violência e o racismo no futebol: «de um ponto de vista pedagógico está, sem dúvida, muito localizada no apelo – umas vezes implícito, outras vezes explícito – à violência física e à violência moral que é induzida por declarações de dirigentes desportivos ao mais alto nível: dos presidentes dos clubes desportivos que incitam claramente, com a sua linguagem à prática dessa violência. E também de comentadores desportivos, particularmente, nos órgãos de comunicação social mais relevantes», declara o socialista citado pela TSF.
Relativamente à eventual aplicação de leis mais rígidas, o socialista considera que esse é um papel das autoridades, mas ressalva que outros países já proibiram a entrada de milhares de pessoas em estádios de futebol, ao contrário de Portugal, que apenas castigou dessa forma 47 pessoas.
«Salvem o futebol desta gente», diz David Justino
Também David Justino, vice-presidente do PSD, declarou à TSF que não entende «para que é que servem as claques», considerando que este tipo de situações só afasta os adeptos dos estádios, uma vez que não se revêm nas atitudes racistas “hoje em dia, o futebol é um negócio que envolve muita gente, muitos milhões. É uma indústria. E, sendo uma indústria, deviam acautelar a sustentabilidade dessa indústria, porque, com este tipo de episódios, as pessoas deixam de ir ao futebol. As pessoas que querem lá ir ver um bom jogo, que gostam do futebol e não entram nestas loucuras, acabam por não ir», disse.
O social democrata deixou ainda um apelo: «salvem o futebol desta gente», concordando com Carlos César: «as direcções têm uma responsabilidade enorme sobre isto», referiu.
«Não percebo porque é que não se acaba com as claques. Foi o que aconteceu em Inglaterra. Hoje, pela televisão, vemos os jogos da liga inglesa e aquilo que víamos há 20 anos já não se vê, porque actuaram a tempo», concluiu citado pela TSF.