Cabo Verde detém suspeito de burla no agendamento de vistos para Portugal

A Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde anunciou hoje a detenção, na ilha de Santiago, de um homem de 40 anos por suspeita de mais de 20 crimes de burla qualificada relacionados com o agendamento de pedidos de vistos para Portugal.

“O detido, ao ser contactado por pessoas interessadas em obter vistos junto da Embaixada de Portugal em Cabo Verde, ludibriava os interessados mediante uma contrapartida financeira”, afirmou a PJ, em comunicado.

A polícia criminal cabo-verdiana explicou que a detenção surge no cumprimento de um mandado de busca emitido pela Comarca da Praia, capital do país, decorrente de uma “longa investigação”.

O Tribunal da Praia decidiu aplicar ao detido a medida de coação de apresentação periódica às autoridades e interdição de saída do país.

A Polícia Judiciária afirmou ainda que as investigações continuam, em paralelo com outros processos semelhantes.

A procura por vistos para Portugal tem motivado casos que estão na mira das autoridades.

Em agosto do ano passado, a PJ efetuou as primeiras detenções no país, relacionadas com burlas no agendamento de vistos para Portugal, tendo sido detidas duas pessoas suspeitas da prática de 40 crimes de burla qualificada.

Ainda em novembro, um homem foi detido pelo mesmo crime, e, em dezembro, mais sete pessoas foram detidas por delitos semelhantes.

No ano anterior, o procurador-geral da República de Cabo Verde, Luís Landim, disse à Lusa que havia denúncias que estavam a ajudar a concluir a investigação sobre redes que cobram por serviços de facilitação de vistos para Portugal.

Desde há vários anos que os cabo-verdianos vêm reclamando do açambarcamento de vagas para estas marcações por parte de empresas que depois cobram valores diferenciados para prestar o serviço, que, se for tratado nos balcões públicos criados para o efeito, é gratuito.

Em 2023, numa ronda por algumas dessas firmas na Praia, a Lusa constatou que estas cobravam entre mil e 20 mil escudos (cerca de nove a 181 euros) por processo, podendo o valor aumentar dependendo dos serviços adicionais prestados.

Na altura, o ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, classificou como “traficantes” as empresas e particulares que açambarcam vagas para o agendamento de vistos para Portugal, afirmando que deveriam ser punidos.