Bruxelas deverá começar primeira ronda de negociações de adesão da Ucrânia à UE já esta primavera, assegura Kiev
A União Europeia poderá dar um passo histórico nas negociações de adesão da Ucrânia ao bloco comunitário, com a abertura da primeira ronda de negociações, intitulado “fundamentais”, já na primavera deste ano. A informação foi avançada pela embaixadora da UE na Ucrânia, Katarina Mathernová, durante uma reunião com jornalistas, segundo adianta a Ukrinform.
Mathernová destacou que a abertura das negociações depende de um consenso unânime entre os Estados-membros da UE sobre o cumprimento, por parte das autoridades ucranianas, dos requisitos estabelecidos. “Se os Estados-membros concordarem unanimemente que as autoridades ucranianas cumprem os requisitos, a série de negociações ‘fundamentais’ pode ser aberta para discussões na primavera”, afirmou.
Esta fase das “fundamentais” é um dos pilares centrais das negociações de adesão e abrange áreas cruciais como o Estado de direito, direitos humanos, estabilidade económica e reformas institucionais.
A embaixadora também salientou a rapidez com que a Comissão Europeia entregou o relatório de triagem (Screening Report) aos Estados-membros, num prazo de apenas um mês. “Desta forma, a Comissão está a cumprir o seu compromisso de apoiar o progresso mais rápido possível no caminho da Ucrânia para a adesão à UE, no lado técnico”, sublinhou.
Dinâmica inédita no processo de alargamento
A possibilidade de abertura desta ronda insere-se num contexto mais amplo de dinamização do processo de alargamento da UE, impulsionado pela presidência polaca do Conselho da União Europeia, que terá início no segundo semestre deste ano. Marta Kos, comissária europeia para o alargamento, declarou recentemente que é possível abrir um a dois clusters de negociações tanto com a Ucrânia quanto com a Moldávia durante a presidência polaca.
“Nos próximos seis meses, pode ser feito mais no processo de alargamento da UE do que foi alcançado nos últimos 10 anos”, afirmou Kos, sublinhando a importância estratégica de avançar rapidamente com as negociações.
Desde a sua candidatura formal em 2022, a adesão da Ucrânia à UE tem sido considerada uma prioridade política, sobretudo devido ao impacto da guerra com a Rússia. A perspetiva de integração europeia tem servido como um motor de reformas estruturais no país e como um sinal de solidariedade política e económica do bloco europeu.
Analistas acreditam que o progresso nas negociações será acompanhado de perto, não apenas pelos líderes europeus, mas também pelos cidadãos ucranianos, que veem na adesão à UE uma oportunidade para alcançar estabilidade, prosperidade e segurança.