Brexit: França alerta Reino Unido para negociações comerciais difíceis

O ministro dos negócios estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, prevê negociações comerciais difíceis entre a UE e o Reino Unido, de acordo com a BBC.

Le Drian disse, numa conferência em Munique no passado domingo, que as duas partes divergem de várias questões: «penso que em questões comerciais e no mecanismo de relações futuras, vamo-nos separar. Mas isso faz parte das negociações, todos vão defender os seus próprios interesses», refere o ministro dos negócios estrangeiros citado pela BBC.

O ministro referiu ainda que seria difícil para o Reino Unido atingir o seu objectivo de alcançar um acordo de livre comércio até o final do ano.

Espera-se que o principal negociador do Brexit, David Frost, avance com mais detalhes sobre os objectivos de negociação do Reino Unido, num discurso realizado em Bruxelas, mais tarde, que deverá expressar a concordância do país com um acordo comercial baseado no acordo selado entre a UE e o Canadá em 2016, descartando, contudo, qualquer alinhamento regulatório com o bloco europeu, a partir de 2021.

O Reino Unido deixou oficialmente a UE há duas semanas, mas ainda se encontra a negociar, num período de transição que termina a 31 de Dezembro. As negociações sobre o futuro relacionamento das duas partes, devem começar no próximo mês, quando os 27 membros da UE concordarem com o mandato de negociação do bloco europeu.

A UE avisou várias vezes o Reino Unido que o país não podia esperar continuar a ter acesso ao mercado de «alta qualidade», caso insista em divergir dos padrões sociais e ambientais da UE.

Na semana passada, o Parlamento Europeu pediu que o Reino Unido seguisse as regras da UE em várias áreas, tais como a regulamentação de produtos químicos, rotulagem de alimentos e subsídios para empresas, como parte de um processo de «alinhamento dinâmico».

Contudo, os ministros do Reino Unido recusaram uma relação regulatória tão restrita. Um porta-voz referiu que «a nossa abordagem é clara, não estamos a pedir nada de especial, estamos a procurar um acordo como o que a UE fez anteriormente com outros países, como o Canadá», disse acrescentando ainda: «queremos um relacionamento baseado na cooperação amigável entre iguais soberanos, centrada no livre comércio e inspirada na nossa história e na partilha de valores comuns», conclui citado pela BBC.