Brasil avisa que fim da verificação de factos pela Meta é convite para ativismo da extrema-direita
O Governo brasileiro considerou hoje que o anúncio da Meta de que vai acabar com o seu programa de verificação de factos nos Estados Unidos é “um convite para o ativismo da extrema-direita”.
“Facebook e Instagram vão-se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A ‘repriorização’ do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita”, escreveu nas redes sociais o secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação do Brasil, João Brant.
As mudanças foram anunciadas pelo presidente executivo da Meta, Mark Zuckerberg, e serão aplicadas a plataformas nas suas redes sociais Facebook, Instagram e Whatsapp, embora inicialmente limitadas aos Estados Unidos.
“A Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo [de Donald] Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente ‘online’”, denunciou o responsável brasileiro.
Na sua opinião, o anúncio antecipa uma aliança entre a Meta e a administração norte-americana que será liderada por Donald Trump no dia 20 de janeiro.
“A Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de verificação de factos, o que vai afetar as operações delas dentro e fora das plataformas”, frisou, considerando que “o anúncio só reforça a relevância das ações em curso na Europa, no Brasil e na Austrália” já que “os verificadores têm sido demasiado orientados politicamente e têm contribuído mais para reduzir a confiança do que para a melhorar, especialmente nos Estados Unidos”.
O anúncio da Meta surge numa altura em que os eleitores republicanos e o proprietário da rede social rival X, Elon Musk, se têm queixado repetidamente dos programas de verificação de factos, comparando-os a programas de censura.
“As recentes eleições parecem ser um ponto de viragem cultural que, mais uma vez, dá prioridade à liberdade de expressão”, afirmou o chefe da Meta.
Donald Trump tem sido particularmente crítico da Meta e do seu patrão nos últimos anos, acusando a empresa de parcialidade e de apoiar pontos de vista progressistas, tendo sido suspenso do Facebook após o ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021, mas a sua conta foi reativada no início de 2023.
A empresa quer agora adotar uma abordagem mais personalizada, dando aos utilizadores um maior controlo sobre a quantidade de conteúdo político que querem ver no Facebook, Instagram ou Threads.