Boeing sem encomendas em Janeiro, pela primeira vez desde 1962

A Boeing não registou novos pedidos de aviões no mês passado, sendo a primeira vez que tal acontece desde Janeiro de 1962, enquanto que a aeronave mais vendida da fabricante norte-americana, o 737 MAX, permanece parado após dois acidentes fatais, de acordo com a Reuters.

A fabricante de aviões está a lutar contra uma crise muito impulsionada por dois acidentes ocorridos em Março do ano passado. A Boeing referiu que para além de não ter qualquer pedido novo, entregou aos clientes apenas 13 aviões em Janeiro. Há um ano, a empresa registou 45 pedidos, após cancelamentos em Janeiro e entregou 46 aviões.

A maioria dos clientes das companhias aéreas evita fazer novos pedidos para o 737 MAX, até que a aeronave seja aprovada para voltar a voar, deixando a Boeing atrás da rival europeia Airbus SE, registando enormes perdas financeiras mensais.

A Boeing registou em 2019 o seu pior ano, a nível de pedidos, enquanto lutava contra a crise do 737 MAX, que conduziu à sua primeira paragem de produção e também à saída do presidente-executivo Dennis Muilenburg em Dezembro.

A incerteza sobre quando o 737 MAX vai voltar a voar resultou em perdas de mil milhões de dólares para a empresa e para os seus fornecedores, que foram obrigados a demitir trabalhadores por não saberem quando será o retorno da aeronave.

As companhias aéreas, por outro lado, viram-se obrigadas a retirar o 737 MAX dos seus horários de voo até meados de 2020, causando milhares de cancelamentos de voos.

A dívida da Boeing duplicou para os 27,3 mil milhões de dólares em 2019, continuando com uma tendência ascendente, uma vez que a fabricante de aviões está a tentar compensar clientes e fornecedores de companhias aéreas, enquanto que luta contra as acções judiciais e pagamento de salários dos trabalhadores.

Na semana passada, a Administração Federal da Aviação (FAA) revelou que o 737 MAX poderia regressar ao serviço antes do previsto, estando em vias de realizar um voo de certificação para concluir uma das últimas etapas do processo, conforme avançado pela Executive Digest.