Bitcoin bate recordes mas serve para quê? Inutilidade poderá ser o seu fim

A Tesla anunciou este ano que será possível comprar um automóvel elétrico da marca com recurso a Bitcoin mas, tirando a empresa de Elon Musk, o leque de organizações dispostas a receber esta criptomoeda será muito reduzido. Apesar de algumas soluções financeiras já permitirem a transação de Bitcoin – ou seja, a compra e venda do próprio ativo digital –, o pagamento de um outro bem não é recorrente.

E este poderá, de acordo com a Fortune, ser o calcanhar de Aquiles da Bitcoin: sem utilidade prática, os recordes que tem vindo a bater em termos de valor poderão não ter significado a longo prazo.

Segundo a mesma publicação, alguns dos maiores fãs da Bitcoin garantem que será capaz de rivalizar com o dólar enquanto moeda amplamente aceite; outros apontam para a escassez como uma forma de prevenir crises económicas e cenários de inflação. Há ainda casos em que é apresentada como o “ouro digital”.

Contudo, na realidade, uma das poucas coisas que os proprietários de Bitcoin podem fazer é acumular cada vez mais moedas virtuais nos seus mealheiros também virtuais. Além disso, a Bitcoin encontra na volatilidade um dos seus principais atributos, tendo colapsado tantas vezes nos últimos três anos como o crude ao longo das últimas duas décadas.

«O único uso que a Bitcoin ainda tem é esperar que o seu valor suba e que alguém lhe pague mais do que pagou inicialmente», afirma Alex de Vries, economista holandês responsável pelo site Digiconomist. Citado pela Fortune, o especialista sublinha ainda que o custo associado a cada transação está a subir: «Durante grande parte do ano, o custo por transação tem sido entre 16 e 20 dólares. (…) Mas atingiu os 30 dólares em fevereiro devidos aos grandes volumes e chegou aos 59 dólares no dia 23 de abril por causa da inundação numa mina de carvão na China que provocou um apagão dos computadores.»

Além disso, Alex de Vries destaca a inconveniência da Bitcoin para compras tradicionais. Se alguém quiser pagar uma compra no valor de 100 dólares, por exemplo, terá de esperar cerca de uma hora pela conversão e, durante esse período, o preço da moeda virtual pode alterar-se. «O preço da Bitcoin pode descer 10% nessa hora, provocando uma perda para o retalhista», esclarece o economista. Ao mesmo tempo, o cliente está a pagar uma taxa de processamento de 20 ou mais dólares.