Benfica reúne-se hoje com Textor. SAD de Rui Costa quer entender “intenções” do investidor

O Benfica emitiu um comunicado onde esclarece que  “após explícita solicitação pública, e indo ao encontro do que foi anunciado antes do período eleitoral, a Direção do Sport Lisboa e Benfica deliberou receber o Sr. John Textor no Estádio da Luz, esta quinta-feira, com o intuito de ouvir as suas intenções relativamente ao Clube.”

Esta notícia surge depois de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter multado o empresário José António Santos, também conhecido como “Rei dos Frangos” e o investidor americano, por não terem comunicado o negócio da compra e venda de 25% de ações da Benfica SAD, revelou na passada sexta-feira o ‘Correio da Manhã’ (CM).

Ambos os empresários foram condenados a coimas de 75 mil euros cada. O prazo de recurso desta decisão está a correr até dia 19 de outubro. José António Santos já informou o supervisor de que irá proceder ao pagamento, já Textor ainda não se manifestou.

“Em causa estão dois processos de contraordenação ligados à venda de 25% de ações da Benfica SAD, que não terá sido comunicada à CMVM dentro do prazo de quatro dias úteis”, explica o grupo Cofina.

Em meados de setembro, John Textor suspendeu o acordo com José António dos Santos para a aquisição de 25% das ações da SAD do Benfica, até às eleições do clube.

“Eu e o sr. Santos acordámos previamente suspender a nossa relação contratual até os sócios do Benfica confirmarem a sua escolha para a liderança [do clube]”, refere o investidor, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

Em julho, a Benfica SAD comunicou à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que José António dos Santos celebrou um acordo para vender a John Textor 25% do capital social da SAD.

A comunicação da Benfica SAD surgiu depois desta ter recebido informações do acionista José António dos Santos, conhecido como o ‘rei dos frangos’, relativas aos acordos firmados com o empresário norte-americano.

José António dos Santos “outorgou com John C. Textor, dois acordos para venda de um total de 5.750.000 ações ordinárias, escriturais e nominativas, representativas de 25 % do capital social da Benfica SAD, condicionado ao pagamento” até 15 de setembro “do preço total acordado”, tendo sido adiantada a quantia de um milhão de euros, salientou na ocasião o comunicado.

Já na segunda-feira, o Benfica considerou insuficientes os elementos que Luís Filipe Vieira apresentou para decidir se quer exercer o direito de preferência sobre as ações do antigo presidente.

O Benfica revelou em setembro que o antigo presidente do clube da Luz lhe dirigiu uma comunicação para exercer o direito de preferência sobre 3,28% das ações da SAD de que Luís Filipe Vieira é proprietário, na sequência de uma proposta de venda no valor de 7,80 euros por cada um dos 753.615 títulos, correspondendo a um valor global de quase 5,9 milhões de euros (5.878.197 euros).

A resposta da direção das ‘águias’, que é agora encabeçada por Rui Costa, ao antigo líder, salienta ainda que “estando em preparação um ato eleitoral, agendado para o dia 09 de outubro, na sequência da demissão dos membros da direção em funções, qualquer eventual comunicação para exercício de direito de preferência deveria, em atenção aos superiores interesses do Sport Lisboa e Benfica, ser comunicada de forma a poder ser analisada pela nova direção, em tempo adequado após início das suas funções”.

Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos no início de julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco, e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.

No mesmo processo foram detidos, para primeiro interrogatório judicial, o seu filho Tiago Vieira, o agente de futebol e advogado Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, todos indiciados por burla, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal.

O ex-presidente começou por suspender as suas funções no Benfica, mas, em 15 de julho, acabou por apresentar a sua demissão, sendo substituído pelo ex-futebolista Rui Costa, até então vice-presidente do clube e ex-administrador da SAD.