BCE aconselha UE a preparar-se para antecipar decisões de Washington

A presidente do Banco Central Europeu exortou a União Europeia a preparar-se para eventuais mudanças nas políticas comerciais que possam ser anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, e assim antecipar o que vai acontecer.

“O que temos de fazer aqui na Europa é estarmos preparados e antecipar o que vai acontecer para podermos responder”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, durante uma entrevista à ‘CNBC’ à margem do Fórum Económico Mundial, que decorre na cidade suíça de Davos.

Sobre esta questão, Lagarde alertou que, apesar de a Europa ter criado um mercado único, esse trabalho ainda não está terminado e as barreiras continuam a existir, tendo instado os líderes europeus a “remover as barreiras”, algo que é “uma forma de responder à mudança na política comercial dos EUA que devemos antecipar”.

“Sejam fortes em casa”, defendeu, referindo-se às vantagens que a implementação efetiva do mercado único, incluindo uma união de capitais, traria à Europa.

Em todo o caso, Lagarde defendeu a manutenção do diálogo e que “as partes se devem sentar à mesa para ver quais são as respetivas agendas, quais são os pontos fortes de cada lado e quais são os pontos fracos, manifestando as suas dúvidas em relação à “teoria da substituição” que procura reforçar o comércio e a manufatura dos EUA através da redução das importações da Europa.

Por outro lado, a presidente do BCE sublinhou o interesse da Europa em ver os Estados Unidos crescer, porque o crescimento deste país sempre foi um fator favorável para o resto do mundo.

Quanto à situação na zona euro, Lagarde reiterou a confiança do BCE de que a taxa de inflação regressará ao objetivo de estabilidade de 2% até 2025, acrescentando que a política monetária do banco não está “atrás da curva”.

“Se a nossa linha de base se mantiver, penso que as expectativas que temos nos colocarão no caminho certo. O nosso objetivo é 2%, a médio prazo, sustentável, e penso que estamos bem posicionados para isso neste momento”, afirmou.

No entanto, reconheceu a importância de acompanhar de perto o resto do mundo, especialmente no caso dos preços da energia, para tomar decisões “passo a passo”.

“A direção é muito clara. O ritmo, veremos, depende dos dados”, sublinhou, acrescentando que, de momento, está a pensar mais num “movimento gradual”.