Bancos europeus podem enfrentar mais de 800 mil milhões em perdas com segundo confinamento

Os bancos europeus enfrentam a possibilidade de ter de pagar uma fatura de mais de 800 mil milhões de euros em perdas relacionadas à deterioração de suas carteiras de crédito entre 2020 e 2022, caso a evolução da pandemia do novo coronavírus force os governos a solicitar um novo confinamento, alertam s mais recentes estimativas da consultora Oliver Wyman.

A deterioração de crédito de 830 mil milhões de euros que os bancos europeus devem enfrentar em três anos significaria cinco vezes os 160 mil milhões de euros assumidos nos três anos anteriores à pandemia (1017-2019), enquanto que o índice de incumprimento subiria para 10,1% em 2022, comparado a 3,8% no período de três anos anterior a 2020.

Num cenário base, em que governos evitam um segundo confinamento, a consultora calcula que os bancos do ‘Velho Continente’ terão que enfrentar um impacto adverso de 400 mil milhões de euros entre 2020 e 2022 devido à deterioração da qualidade das suas carteiras de crédito, com aumento da taxa de incumprimento para 7,7%.

Sob estes contornos, Oliver Wyman destaca que as perdas de crédito dos bancos europeus para a Covid-19 seriam inferiores a 40% das experimentadas durante a crise financeira mundial de 2008-10 e, em geral, semelhantes às registadas durante a crise do Zona Euro 2012-14.

Da mesma forma, os autores apontam que, além do impacto da deterioração das carteiras de crédito, os bancos do Velho Continente sofreriam a perda de cerca de 31 mil milhões de euros em seu faturamento até 2022, como resultado da evolução da receita de juros e comissões.

A empresa deixa ainda o alerta de que, até 2022, espera que “5% dos bancos estejam com problemas, com níveis de capital abaixo dos requisitos mínimos e lucros muito fracos, sendo que mais metade do capital do sistema estará numa espécie de ‘limbo’, pois as entidades possuem capital suficiente para atender aos requisitos regulatórios, mas com retornos muito fracos, vulneráveis ​​a novos impactos no capital, o que causaria aversão ao risco no crédito, dificultando os esforços para financiar a recuperação”, detalha a consultora, citada pela ‘Europa Press’.