Banca portuguesa beneficia de juros altos e prevê dividendos recorde em 2025
Os principais bancos portugueses – Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Portugal – deverão entregar cerca de 2,9 mil milhões de euros em dividendos aos seus acionistas em 2025, relativos aos lucros de 2024, ultrapassando os 2,4 mil milhões distribuídos este ano. Este valor ainda não inclui a potencial remuneração do Novo Banco, caso o Fundo de Resolução consiga antecipar o encerramento do Acordo de Capital Contingente (CCA), atualmente impedindo a distribuição de dividendos aos acionistas.
O cálculo, realizado pelo Jornal de Negócios, baseia-se nas projeções de dois grupos de instituições. A CGD e o BPI, que já anunciaram valores próximos aos distribuídos no ano passado – respetivamente 825 milhões e 517 milhões de euros –, lideram o primeiro grupo. O segundo grupo inclui o BCP e o Santander, onde se assume uma continuidade no crescimento dos lucros registado até ao terceiro trimestre e uma distribuição de acordo com o “payout” de cada instituição.
Para o BCP, espera-se uma distribuição de 470 milhões de euros, representando 50% dos lucros projetados para 2024, que poderão rondar os 940 milhões. Com um adicional programa de recompra de ações, o montante total para os acionistas poderá atingir os 700 milhões. Já o Santander, com um crescimento de 25,2% nos lucros até setembro, deverá alcançar 1,3 mil milhões em 2024, permitindo um dividendo à casa-mãe espanhola superior a mil milhões, mantendo o seu “payout” em 80%.
Os resultados robustos da banca portuguesa são impulsionados pelo aumento das taxas de juro, promovido pelo Banco Central Europeu, o que alavancou a margem financeira do setor. Com este “jackpot” de 2,9 mil milhões, os bancos superam o valor de 2023 em termos absolutos, mas o “payout” global deverá descer de 66% para 62,4%, refletindo uma estratégia de crescimento cautelosa no cenário atual.