Autarcas e empresários pedem regresso da ligação aérea que aproxima Douro e Lisboa

Autarcas e empresários do Douro defenderam hoje a linha aérea de Trás-os-Montes para o Algarve como um serviço determinante porque aproxima esta região da capital e ajuda os empresários a ganharem tempo nas suas deslocações.

“É um serviço determinante, importante, que nos aproxima da capital do país e, naturalmente, que nos preocupa o seu sucessivo adiamento e a falta de prestação desse mesmo serviço”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), que representa 19 municípios.

O autarca Luís Machado falava a propósito da interrupção da ligação Bragança/Vila Real/Viseu/Cascais/Portimão desde 30 de setembro, altura em que terminou o último ajuste direto à empresa Sevenair, enquanto se esperava o desfecho do concurso público internacional para atribuir a concessão por mais quatro anos.

Entretanto, já esta semana o Ministério das Infraestruturas garantiu estar a fazer todos os esforços para que a carreira aérea regional que liga Trás-os-Montes ao Algarve possa ser retomada em menos de um mês.

“Preocupa-nos enquanto região económica que precisa da mobilidade aérea para se tornar mais próxima e lamentamos que isso aconteça. Nos grandes centros, Lisboa ou Porto, teria sido resolvido mais rapidamente”, afirmou o também presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, concelho próximo da cidade de Vila Real.

O autarca considerou ainda que, “infelizmente, neste país é assim e há regiões que continuam sempre a ver adiadas soluções que permitem aproximar, soluções que permitem desenvolver o território económica e socialmente”.

“Mas é aquilo a que estamos habituados. Estamos muito preocupados e gostaríamos muito que tivesse sido resolvido a seu tempo, estamos, desde setembro, privados de um meio de comunicação e parece que, em Lisboa, não se passa nada. Isto é naturalmente uma crítica a toda a governação do nosso país de há muitos anos a esta parte e que nos deixa descontentes”, lamentou.

Luís Machado disse ainda esperar que rapidamente seja reposta esta ligação aérea.

O presidente da Associação Empresarial de Vila Real, Mário Rodrigues, defendeu que é “fulcral para a região” que o transporte aéreo seja retomado o mais rapidamente possível.

“Esta suspensão vem retirar alternativas que alguns empresários tinham quando se deslocavam para Lisboa e nós sabemos que esta rota, de Vila Real para Lisboa, tinha sempre muita gente”, referiu.

O responsável explicou que empresários desta região usavam a carreira aérea nas suas deslocações à capital do país para “reuniões curtas”, referindo que, agora, a viagem tem de ser feita de carro.

“Acima de tudo é o tempo que perdem, despendem e que, se houvesse avião, obviamente que seria muito vantajoso para estas empresas (…) Não tínhamos ideia da frequência e da importância que esta linha aérea tem”, referiu, explicando que este tem sido um assunto abordado em reuniões entre a Nervir e empresas que alegam que a carreia “faz muita falta”.

Na semana passada, a Sevenair S.A. avançou que o Tribunal de Contas (TdC) não emitiu o visto necessário ao novo contrato de concessão para repor a ligação e que a companhia está em ‘lay-off’.

Relativamente a esta questão do TdC, o Ministério das Infraestruturas esclareceu que “foi enviado pelo TdC apenas um pedido de esclarecimento que pedia apresentação de nova documentação financeira, cabimento e compromisso, dado a assinatura do contrato ser de 2024 e a despesa se realizar já em 2025” e salientou que “esta questão está a ser revista com urgência”.

O resultado do concurso público foi conhecido no final de 2024, com a única concorrente, a Sevenair, que presta o serviço desde 2009, a ser escolhida para continuar a operar nos próximos quatro anos.

A 21 de dezembro o Governo anunciou que o processo da contração tinha sido concluído e o novo contrato assinado.