Autarca do Seixal diz que é “chocante” a forma como utentes da Fertagus são transportado
O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, considerou “chocante” o modo como os passageiros circulam nos comboios da Fertagus “sem quaisquer condições e como sardinhas em lata” e exigiu uma resolução urgente do problema.
Paulo Silva (PCP), que realizou na manhã de hoje uma viagem entre Foros de Amora e Corroios, estações ferroviárias situadas no concelho do Seixal, disse aos jornalistas que decidiu verificar no local as dificuldades vividas pelos seus munícipes.
O autarca do Seixal, concelho do distrito de Setúbal com 170 mil habitantes, explicou que tem recebido várias dezenas de queixas tendo por isso solicitado já uma reunião com a administração da Fertagus.
“Decidi pedir uma reunião à administração da Fertagus e para estar melhor avalizado fiz a viagem para saber o modo como os meus munícipes estão a ser servidos e o que vi foi chocante, parece que vão como sardinhas enlatadas sem quaisquer condições. É urgente que este assunto seja resolvido”, disse.
Paulo Silva adiantou que este serviço era reconhecido por ter qualidade, o que não corresponde à realidade atual.
Além da reunião com a administração da Fertagus, o autarca adiantou que o “funcionamento deficitário da empresa” será também abordado numa reunião que tem agendada com o ministro das Infraestruturas ainda durante esta semana.
Paulo Silva adiantou que tem de haver um investimento no material circulante da Fertagus para poder haver um aumento da oferta, mas defendeu também a importância de um investimento noutros meios de transporte do concelho, nomeadamente o Metro Sul do Tejo e o fluvial.
“É necessário, sem dúvida, que a segunda fase do Metro Sul do Tejo seja construída, mas há um pequeno troço de 1,8 km, desde a garagem do Metro Sul do Tejo até à estação dos Foros de Amora que passaria a servir mais 50 mil utentes da freguesia de Amora. São pequenas obras e seriam 50 mil pessoas que descongestionariam quer a Fertagus, quer também a Carris Metropolitana”, disse.
Os constrangimentos vividos pelos utentes do serviço ferroviário que liga as duas margens, entre Setúbal e Lisboa, foram também já alvo de criticas por parte da presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros (PS).
No dia 14 de janeiro a autarca deslocou-se à estação que fica no seu concelho (Pragal) e, em declarações públicas, alertou para a necessidade urgente de um reforço do número de carruagens nos comboios da Ponte 25 de Abril, de forma a resolver os constrangimentos registados.
A autarquia de Almada tem também recebido várias queixas de munícipes indicando que, desde que foram alterados os horários deste transporte, os comboios que partem de Setúbal enchem rapidamente deixando passageiros de fora, particularmente na estação do Pragal.
Inês de Medeiros acrescentou que a grande prejudicada do novo modelo é a população de Almada e do Seixal, porque quando os comboios chegam já vêm cheios.
Em dezembro, a empresa decidiu alterar os horários dos comboios entre as duas margens do Tejo, passando a ter uma periodicidade de 20 minutos nos dois sentidos.
O aumento da oferta do horário de transporte ferroviário entre Lisboa e Setúbal foi anunciado em novembro pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do alargamento do contrato de concessão da Fertagus por seis anos e meio, até 31 março de 2031.
Até dezembro, a circulação de comboios da Fertagus entre as estações de Setúbal e de Lisboa (Roma-Areeiro) era feita de 30 em 30 minutos nos dias úteis e de 60 em 60 minutos aos sábados, domingos e feriados.
Contudo, os utentes queixam-se que esta alteração não foi acompanhada de um reforço de carruagens, havendo assim relatos de passageiros, de estações dos concelhos de Almada e Seixal (Coina, Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal), de não conseguirem lugar no horário que habitualmente usavam.
Na quinta-feira, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) pediu informações à Fertagus sobre a insatisfação dos passageiros com os novos horários dos comboios.
“A AMT solicitou informações sobre quais as medidas concretas que foram adotadas pela Fertagus para mitigar esta situação, designadamente ao nível da comunicação e informação prestada aos passageiros, bem como medidas que estejam a ser equacionadas para assegurar a adequação da oferta à procura em condições de segurança e qualidade”, lê-se num comunicado divulgado pela AMT.
A ligação ferroviária entre Lisboa e a Margem Sul foi inaugurada em 29 de julho de 1999, com o objetivo de retirar carros da Ponte 25 de Abril.
A travessia liga as estações de Roma-Areeiro, em Lisboa, a Setúbal, e conta com 10 estações na Margem Sul e quatro na capital.