Ativistas do movimento Climáximo prometem “interromper o funcionamento” do aeroporto de Lisboa em protesto
O coletivo Climáximo, conhecido pela sua luta pela justiça climática, anunciou hoje uma ação de resistência civil programada para 1 de junho, no Aeroporto de Lisboa. A iniciativa, que consiste numa assentada popular, pretende interromper o funcionamento normal daquela infraestrutura com o objetivo de exigir o cancelamento de novos projetos emissores de carbono, como a expansão aeroportuária e a construção de um novo aeroporto. O movimento reivindica ainda a implementação de transportes públicos eletrificados, gratuitos e acessíveis para toda a população.
Em comunicado divulgado esta manhã, o Climáximo classificou o Aeroporto de Lisboa como “a infraestrutura mais poluente do país” e um símbolo da turistificação que, segundo o movimento, tem contribuído para tornar a cidade de Lisboa “inabitável”. O coletivo descreveu-o como “o exemplo mais claro em Portugal da guerra aberta levada a cabo por governos e empresas contra o presente e o futuro das pessoas comuns, em nome dos seus lucros.”
Inês Teles, porta-voz do Climáximo, reforçou a urgência de ação num contexto de crise climática global. “Enquanto à nossa volta o colapso se torna cada vez mais palpável, com cheias, ciclones e incêndios a assemelhar-se a cenários de filmes de terror, o Governo português dá luz verde à expansão aeroportuária, garantindo lucros para empresas fósseis à custa da morte e miséria de milhões de pessoas. Não podemos ficar sentados no sofá e aceitar este plano suicida – precisamos de agir para parar a aviação e a indústria fóssil e construir um futuro em que todas as pessoas possam viver com dignidade.”
O Climáximo defende o desmantelamento da aviação comercial, militar e de mercadorias, começando pela eliminação imediata de voos de curta distância, como o trajeto Lisboa-Porto, e de jatos privados, considerados pelo coletivo como “supérfluos e desnecessários.” No âmbito do seu Plano de Desarmamento e Plano de Paz, o grupo apela à criação de alternativas sustentáveis, como a expansão da rede ferroviária e a disponibilização de transportes públicos gratuitos e eletrificados.
Segundo a convocatória, a ação terá início na Alameda, em Lisboa, de onde os participantes seguirão de transportes públicos até ao Aeroporto de Lisboa. O objetivo é, de forma pacífica e criativa, perturbar o horário de pico dos voos, expondo “a fragilidade de um sistema homicida que depende da queima de combustíveis fósseis para funcionar.”
O movimento sublinha que a história prova ser possível travar sistemas aparentemente imutáveis quando há união e determinação. “Os Governos e as empresas recusam-se a mudar de rumo, mas o passado prova que, em conjunto, é possível travar forças aparentemente intocáveis. Juntos, temos o poder de desmantelar o sistema fóssil e construir uma sociedade mais enraizada, justa e sustentável. Mas sem ti, não podemos salvaguardar o nosso futuro e construir um mundo diferente. Só juntos conseguiremos fazer história e abalar os alicerces deste sistema fóssil,” declarou Inês Teles.
A ação surge num momento em que os alarmes do caos climático soam cada vez mais alto. O Climáximo recorda que, pela primeira vez, a temperatura média global ultrapassou os 1,5°C de aquecimento, com fenómenos extremos a intensificarem-se, como os incêndios devastadores na Califórnia.
O apelo é claro: “É hora de demonstrarmos a nossa força e de traçar o caminho para desmantelarmos pelas nossas mãos as armas de destruição que estão apontadas às nossas vidas,” concluiu Inês Teles, apelando à participação massiva de “toda a sociedade.”