Ativista chinesa pode enfrentar até 5 anos de prisão por ter divulgado surto da Covid-19 em Wuhan

Uma ativista chinesa está detida desde maio por ter denunciado o surto da Covid-19 em Wuhan e pode enfrentar até cinco anos de prisão, depois de ter sido acusada de divulgar informações falsas.

Zhang Zhan, antiga advogada, está presa num centro de detenção em Xangai há mais de seis meses, depois de ter relatado o surto na província chinesa de Wuhan, onde o coronavírus foi detetado pela primeira vez, em dezembro de 2019.

Foi acusada de “criar conflitos e problemas”, de acordo com o The Guardian, uma acusação que é frequentemente usada contra críticos e ativistas na China.

A acusação, divulgada esta segunda-feira, refere que Zhang enviou “informações falsas através de texto, vídeo e outros meios de comunicação social através da Internet, tais como WeChat, Twitter e YouTube”, de acordo com o documento da acusação, citado pelo jornal britânico.

“Também aceitou entrevistas dos meios de comunicação social estrangeiros Free Radio Asia e Epoch Times e especulou maliciosamente sobre a epidemia da Covid-19 de Wuhan”, indica ainda a acusação.

Zhang Zhan pode enfrentar uma pena de quatro a cinco anos. A jornalista está em greve de fome desde setembro, e um dos seus advogados de defesa foi retirado do seu caso.

Zhang foi anteriormente detida por acusações semelhantes pelas autoridades chinesas, em 2018, e novamente em 2019 por ter manifestado apoio aos ativistas de Hong Kong.

Está entre os vários jornalistas que foram detidos este ano após terem viajado para Wuhan, para relatar o surto e a forma como foi gerido.

Chen Qiushi, uma antiga advogada que se tornou jornalista, foi detida em janeiro. Li Zehua, que se deslocou a Wuhan para relatar o desaparecimento de Chen, desapareceu no início de fevereiro, mas foi libertada em abril. Fang Bin, residente em Wuhan, desapareceu ao mesmo tempo, mas não foi visto desde então.

Os grupos de defesa dos direitos humanos e jurídicos têm demonstrado muitas preocupações sobre o sistema de justiça chinês, que tem uma taxa de condenação de cerca de 99% e nega assistência jurídica aos arguidos.