“Até há gordos”: Embaixador de Israel em Portugal recusa fome em Gaza e diz que bebés mortos pelo frio são “uma piada”
O embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosenblat, afirmou em entrevista à CNN Portugal que as informações sobre uma crise humanitária na Faixa de Gaza, incluindo relatos de fome e mortes de bebés devido ao frio, são “uma piada”. O diplomata, em declarações que estão a gerar grande polémica nas redes sociais, defendeu que não há escassez de alimentos nem de água na região e criticou a forma como os meios de comunicação portugueses têm tratado o tema.
Segundo o embaixador, a narrativa de que a população de Gaza sofre de fome e sede não corresponde à realidade. “Não há fome e não há sede em Gaza. Nunca houve fome em Gaza. Até há gordos na Faixa de Gaza. E também há linhas de água. As pessoas de Gaza não bebem água de garrafas, elas bebem de linhas de água que são de Israel também”, afirmou, reforçando a ideia de que o abastecimento de água é garantido por infraestruturas israelitas.
Quando questionado sobre os relatos de mortes de bebés devido ao frio na Faixa de Gaza, Rosenblat respondeu de forma categórica: “Isso é piada. É triste o que a televisão portuguesa disse sobre isso. A temperatura na Faixa de Gaza é como o Algarve e como Marrocos. Não há temperaturas abaixo dos 10 graus”. O embaixador considerou estas notícias exageradas e infundadas, criticando a cobertura mediática portuguesa.
Corredor de Filadélfia e o fornecimento de armas ao Hamas
Oren Rosenblat expressou ainda preocupação com o acordo de cessar-fogo recente entre Israel e o Hamas, particularmente no que diz respeito ao Corredor de Filadélfia, uma área estratégica entre Gaza e o Egito. Embora o acordo contemple a retirada do exército israelita daquela zona, o embaixador afirmou que Israel não abandonará o local, que descreve como “fronteira”. “Não é corredor, é a fronteira entre Gaza e o Egito e é a partir do Egito que chegam armas para o Hamas. Precisamos de estar lá, senão vão entrar armas para Gaza outra vez”, explicou, indicando que Israel poderá renegociar este ponto do acordo.
O embaixador descreveu o recente acordo para a libertação de reféns israelitas como “agridoce”, uma vez que ainda permanecem 98 reféns em cativeiro. “Nós vamos lutar até que todos os reféns sejam resgatados e até eliminar as capacidades civis e militares do Hamas”, afirmou, sublinhando o compromisso de Israel em continuar as operações contra o grupo.
As declarações de Oren Rosenblat surgem num momento de intensa tensão na Faixa de Gaza, onde a situação humanitária tem sido amplamente debatida a nível internacional. O conflito entre Israel e o Hamas tem provocado milhares de vítimas, com alegações de violações dos direitos humanos e escassez de recursos essenciais na região. As palavras do embaixador refletem a posição oficial de Israel, que nega as acusações de crise humanitária grave em Gaza.