Assessor da Câmara Municipal de Lisboa acusado de abuso sexual em carta anónima
Uma carta anónima, enviada a diversos gabinetes da Câmara Municipal de Lisboa, acusou Tiago Abreu, assessor político do vice-presidente Filipe Anacoreta Correia (CDS), de abuso sexual de menores. A denúncia alega que Abreu terá mantido conversas online com uma mulher, identificada como “Dália”, com o intuito de se aproximar da filha menor desta para fins sexuais. O assessor nega veementemente as acusações, afirmando ser alvo de uma cilada.
As acusações contra Tiago Abreu surgiram em julho de 2023, quando a alegada troca de mensagens no Instagram terá ocorrido. Em resposta à denúncia, a Polícia Judiciária (PJ) realizou buscas à residência de Abreu em maio de 2024, focando-se na apreensão de dispositivos informáticos para análise. O telemóvel de Abreu foi recolhido e está sob perícia. Segundo o Correio da Manhã, a PJ já apresentou uma proposta de acusação ao Ministério Público.
Em declarações ao Correio da Manhã, Tiago Abreu refutou as acusações, sublinhando que não foram encontrados indícios de crime. “Não fui acusado pelo Ministério Público e não há provas contra mim,” afirmou Abreu, que foi constituído arguido e está sujeito a termo de identidade e residência (TIR), a medida de coação mais leve do sistema judicial português. “Se houvesse qualquer indício de abuso, não estaria apenas sob TIR,” acrescentou.
Abreu considera-se vítima de uma armadilha, alegando que as mensagens suspeitas foram enviadas de um perfil falso no Instagram. Criticou ainda a morosidade do processo, afirmando que, apesar de as buscas terem ocorrido há oito meses, ainda não foi presente a um juiz e apenas foi ouvido pelo Ministério Público a seu pedido.
Tiago Abreu tem uma longa carreira de militância no CDS, sendo assessor político no gabinete de Filipe Anacoreta Correia há vários anos. Candidatou-se às câmaras de Borba em 2021 e de Elvas em 2013. Este caso não é o primeiro embate de Abreu com a justiça, tendo sido acusado de violência doméstica pela sua ex-mulher, um processo que terminou com a sua absolvição em 2022, devido à falta de provas.
A denúncia anónima gerou ampla repercussão na Câmara de Lisboa e na opinião pública, destacando-se a seriedade das acusações de abuso sexual de menores. A alegação de que Abreu está “cobardemente protegido pelo sistema” levanta questões sobre a confiança nos processos de apuração de responsabilidade dentro de instituições públicas.
O desfecho do caso permanece incerto, aguardando-se uma decisão do Ministério Público sobre a eventual formalização de uma acusação. A situação lança uma sombra sobre a carreira de Tiago Abreu, cujas funções no gabinete político poderão ser afetadas dependendo dos desdobramentos judiciais.